O setor frigorífico de Mato Grosso tem a expectativa de aumentar pelo menos 40% nas exportações a curto prazo, com a habilitação de sete unidades do estado para venda ao mercado chinês. A habilitação, anunciada nesta semana, abrange seis frigoríficos de carne bovina e um de carne suína e de frango. No abate bovino, são duas unidades da Marfrig (em Várzea Grande e Tangará da Serra), a Naturafrig (Barra do Bugres), a Vale Grande de Matupá, a Agra (Rondonópolis) e o Frigorífico Redentor, em Guarantã do Norte. No abate de suínos e frango, a unidade habilitada foi a de Lucas do Rio Verde.
Em todo o Estado, apenas uma planta era habilitada pela China para exportação a JBS em Barra do Garças, cuja capacidade de abate diária é de 2.500 animais. Com a habilitação das outras seis unidades, a capacidade total de abate apto ao mercado chinês mais do que triplica, passando a 9.540 animais por dia. O volume corresponde a mais da metade do total abatido em Mato Grosso atualmente, que chega a 17 mil animais/dia.
No caso da carne suína e de frango, a capacidade da unidade de Lucas do Rio Verde é de 110 mil suínos e 7 milhões de aves por mês. De acordo com o diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Frigoríficos do Estado de Mato Grosso e Rondônia (Sindifrigo), Jovenino da Cruz Borges, o comércio de carne suína com a China é muito promissor, uma vez que o país é grande consumidor do alimento e, recentemente, sofreu com a ocorrência da peste suína e não está importando dos Estados Unidos.
Nenhuma unidade do estado era habilitada até então nesses segmentos, embora 80% da carne suína produzida em Mato Grosso já fosse destinada ao mercado externo, especialmente a Rússia. Porém, Jovenino ressalta que o comércio com a Rússia é incerto, pois está sujeito a constantes alterações nas regras, ora sendo liberado, ora suspenso.
Ele informa que 23 frigoríficos mato-grossenses tentaram a habilitação. Os que ainda não conseguiram deverão fazer nova tentativa, após rever o preenchimento dos questionários e corrigir eventuais falhas nos documentos. “A China é extremamente rigorosa com relação à documentação. Qualquer pequeno erro no questionário faz com que o pedido seja negado”, explica.
Para o Sindifrigo, a abertura do mercado beneficia o setor como um todo, incluindo as unidades que não exportam, já que o aumento da aumenta estimula a valorização do produto. A opinião é respaldada pelo presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), Gustavo de Oliveira, que vê a abertura como uma grande oportunidade para o setor industrial de Mato Grosso. “Em termos de valor agregado, faz muito mais sentido para a economia do estado a exportação de proteína animal do que a de soja. Portanto, é muito relevante esse estreitamento do nosso relacionamento com a China, uma tradicional compradora da soja mato-grossense e que agora poderá se transformar em grande cliente também da nossa carne”, avalia. Enquanto a tonelada de soja é comercializada a cerca de R$1200, a carne bovina vale mais de 12 vezes mais: cerca de R$15 mil por tonelada, em média.
De acordo com o Observatório da Indústria da Fiemt, apenas o segmento de gado bovino emprega 22.695 pessoas em Mato Grosso, com uma massa salarial anual de R$ 486 milhões. São 80 estabelecimentos no total, sendo 20 de grande porte, 13 médios, 10 pequenos e 37 microempresas. A informação é da assessoria da federação.