Em pleno desenvolvimento da safra de milho, três importantes produtores brasileiros apresentam condições ainda desfavoráveis para o desenvolvimento das lavouras. Mato Grosso, maior produtor do cereal – mesmo que em segunda safra – é um ponto fora da curva e deverá manter boas condições hídricas para o pleno desenvolvimento da cultura.
Parte da zona do milho safrinha – Goiás, Minas Gerais e São Paulo – deverá continuar com a umidade do solo abaixo da média nos próximos dias, segundo a EarthDaily Agro, empresa que monitora áreas agrícolas a partir de análises de imagens de satélite. Entre o norte de São Paulo, Minas Gerais e parte de Goiás o volume de chuvas foi de 0 a 5 milímetros no acumulado dos últimos 10 dias. Apesar da seca, o plantio do milho safrinha ainda está no começo e será preciso aguardar pelo menos até meados de abril para que seja possível afirmar se haverá ou não quebra de safra nesses estados.
Em Mato Grosso, as chuvas tem sido suficientes para manter a umidade do solo em patamar satisfatório, devendo continuar próximo à média, o suficiente para atender à necessidade do milho nesse início de ciclo. No Mato Grosso do Sul, nas próximas duas semanas, a previsão é de que a precipitação acumulada seja de 50 milímetros, conforme o modelo europeu (ECMWF). O maior volume de chuvas irá colaborar com o aumento da umidade do solo, cenário favorável para o início do ciclo do milho safrinha.
No estado de São Paulo, a umidade do solo está de 10% a 50% abaixo da média registrada nos últimos 10 anos e são esperadas chuvas abaixo de 45 milímetros no acumulado dos próximos 14 dias na maioria das regiões. Há chuvas previstas para o fim da primeira quinzena de março, porém, será preciso mais chuvas para a segunda quinzena, para que a umidade do solo retorne a patamares favoráveis. “Diante disso, vale acompanhar de perto as condições climáticas nessas regiões nas próximas semanas que irão definir as condições das lavouras”, explica o analista de safra Felippe Reis, da EarthDaily Agro.
Em Minas Gerais, há previsão de maiores volumes de chuvas até 17 de março. No entanto, o volume de chuvas previsto de 22 a 34 milímetros não deve ser suficiente para aumentar a umidade do solo para patamares acima da média. Por enquanto, a seca permite o avanço das operações de campo (colheita dos grãos de primeira safra e plantio da segunda), mas caso a precipitação continue baixa, as lavouras de milho safrinha poderá ser impactadas.
Já no Paraná, após a forte seca nos últimos meses que resultou em quebra da safra de soja, as chuvas voltaram a aparecer nesse início de março e devem continuar acima da média até o fim da primeira quinzena do mês, com volume estimado em cerca de 45 a 76 milímetros, colaborando com o aumento da umidade do solo e trazendo um cenário favorável para o início do ciclo do milho safrinha.
No Rio Grande do Sul, a umidade do solo aumentou nos últimos dias, principalmente no sul do estado, mas ainda segue em patamar desfavorável em boa parte das regiões produtoras. Além disso, as chuvas vieram tarde demais para aliviar a quebra da safra. O NDVI (vigor da vegetação) segue em patamar muito ruim, o que indica baixa produtividade, resultado da forte seca ocorrida principalmente em dezembro, durante o ciclo da soja.
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