Para estruturar o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, se reuniu com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin. “A ideia é fortalecer a indústria de fertilizantes e o Brasil ser menos dependente de importação, sendo o maior exportador agrícola do mundo que é. Para isso, precisamos reduzir o preço do gás natural. É um esforço grande”, declarou o vice-presidente.
Durante a reunião foram traçadas as estratégias para que o PNF possa realmente avançar. “A proposta é que o Brasil volte, a médio prazo, a ter boa parte do domínio dos fertilizantes. Mas temos que começar já, fortalecendo a indústria e com políticas públicas de barateamento de energia e gás para que possamos ganhar mais competitividade e segurança”, afirmou Fávaro.
O PNF é coordenado e acompanhado pelo Conselho Nacional de Fertilizantes e Nutrição de Plantas (Confert), cujo decreto de instalação já foi assinado pelo presidente Lula, conforme informou Alckmin.
“Vamos instalar o conselho e convidei o ministro Fávaro para atuarmos juntos”, disse o vice-presidente.
De acordo com ele, a presidência será assumida pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), enquanto o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) será o responsável pela secretaria do Confert.
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CRISE DE ABASTECIMENTO – Rússia e Ucrânia no último dia 24, um ano de conflito. Milhares de vidas foram ceifadas, milhões de pessoas tiveram de deixar suas casas para tentar a vida em outros países e milhões de crianças abandonaram as escolas. O conflito acendeu o alerta para a dependência de países do mundo todo do milho ucraniano e do fornecimento de gás natural vindo da Rússia, que consequentemente deixou em risco a oferta de energia e fertilizantes, impactando o Brasil, dependente do insumo internacional.
Professor de Relações Internacionais do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), Ricardo Caichiolo explica que o conflito entre Rússia e Ucrânia resultou em “modificação significativa no cenário geopolítico mundial”, o que, segundo ele, acabou por se refletir, também de forma significativa, na economia mundial, “com aumento dos preços de forma generalizada”.
“Praticamente o mundo inteiro passa por um processo inflacionário em suas economias internas, com aumentos nos preços de alimentos e do petróleo”, disse. “E a questão energética está muito sensível, principalmente na Europa, que ainda passa por um inverno, com problemas no fornecimento de gás que vinha da Rússia”, afirmou, referindo-se ao corte no fornecimento de gás russo para a Europa.
Um dos coordenadores da Embrapa Arroz e Feijão, Pedro Machado destaca a vulnerabilidade do Brasil em relação aos fertilizantes. De acordo com ele, o problema não começou com o conflito entre Rússia e Ucrânia iniciado há um ano. Já com a pandemia de covid-19 houve aumento de preços e menor oferta de fertilizantes no mercado internacional. Isso, somado ao aumento do consumo interno em 300% nos últimos 20 anos e à redução da produção nacional em 30% no mesmo período, trouxeram o país à condição atual de dependência de importações.