Dados divulgados recentemente pela Datagro, pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) e analisados pelo MT Econômico, apontam que Mato Grosso, maior produtor de soja do Brasil, vai ofertar na safra 2022/23, sozinho, volume equivalente às estimativas da Argentina.
Conforme a Consultoria Datagro, os números preliminares da Argentina indicam recuperação na área plantada depois de dois anos seguidos de recuo, saindo de 16,20 milhões de hectares (ha) para 17 mi/ha e, se o clima não atrapalhar em demasiado, a área colhida poderá ser de 16,55 mi/ha, ante 15,70 mi/ha na temporada 2021/22. O potencial de produção é de 49,65 milhões de toneladas (t), o que representaria crescimento de 14% ante a safra atual.
Já dados recentes do Imea – divulgados neste mês – mostram uma projeção de produção em cerca de 41,51 milhões t. O Estado, pode ofertar, quase 84% de tudo que está projetado em soja, para a Argentina. Os números para Mato Grosso podem ser considerados conservadores ainda, visto que os analistas do Imea ainda avaliam as condições climáticas que a nova safra estará submetida.
Conforme o Imea, a intenção de área plantada com soja deve atingir 11,81 milhões/ha, aumento de 2,92% ante a safra 2021/22. O fator climático ainda impede que projeções mais assertivas sejam feitas. “As atenções estão para o fator climático em Mato Grosso. Segundo os dados do TempoCampo/Aproclima, as chuvas para o acumulado dos próximos 30 dias podem ficar de 25 a 50 mm em todas as regiões do Estado, com maiores volumes nas regiões noroeste, norte e parte do médio-norte. A confirmação desse cenário poderá auxiliar o desenvolvimento inicial das plantas e favorecer a janela de cultivo para as culturas de segunda safra”, detalham os analistas.
Diante desse cenário que ainda traz incertezas quanto ao clima, “as projeções para o rendimento ficam limitadas e por isso, o Instituto permanece estimando 58,58 sc/ha para a safra 2022/23, indicando um recuo inicial de 1,26% em relação aos rendimentos da safra 2021/22. Por fim, a produção da safra 2022/23 continua estimada em 41,51 milhões de toneladas de soja, representando uma alta de 1,62% ante a safra 2021/22.
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DATAGRO – O primeiro levantamento realizado pela Consultoria Datagro para a safra de soja 2022/23 da América do Sul estima uma produção de 219,34 milhões t. Caso se confirme, significaria uma elevação de 21% sobre as 181,95 mi t da frustrada temporada 2021/22.
Para área, prevê-se 66,09 milhões/ha, alta de 3% sobre os 63,87 mi/ha da revisada safra 2021/22. Em caso de confirmação, configuraria um novo recorde histórico e o sexto aumento consecutivo.
“Para a produtividade média, a projeção inicial considera relativa normalidade no clima, mas de novo com pesadas incertezas em função da provável consolidação do fenômeno La Niña. Embora com novo forte aumento nos custos de produção, temos sinalização positiva de manutenção do uso de insumos na montagem desta nova safra”, destaca Flávio Roberto de França Junior, economista e líder de pesquisa da Datagro Grãos.
O potencial inicial de produção do Brasil, maior produtor global da oleaginosa, é de 151,83 mi t, avanço de 9% sobre o recorde de 138,82 mi t registrado na safra 2020/21. Projeta-se o 16º ano consecutivo de ampliação na área de soja, passando de 41,80 mi/ha para 43,03 mi/ha.
Em relação à área do Paraguai, a Datagro estima 3,80 mi/ha, contra 3,76 mi/ha em 2021/22; a produção, levando-se em conta o clima regular, deve ser de 10,92 mi t, no somatório das safras de verão e de inverno, ante 4,95 mi t em 2021/22.
Para a Bolívia, o levantamento indica que a área pode alcançar um novo recorde, passando dos atuais 1,45 mi/ha para 1,49 mi/há, a produção está estimada em 3,50 mi t, 3% acima da safra atual.
Para o Uruguai, projeta-se uma área de 1,22 mi/ha, incremento de 5% na comparação com 2021/22. O potencial produtivo está previsto em 3,43 mi t, volume 4% superior ao ano atual, o que seria também um novo recorde histórico.
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