Mato Grosso está no rol dos nove estados brasileiros que produzem café. Apesar de ocupar a última posição – atrás de estados que também não têm tanta tradição neste cultivo como Goiás e Rio de Janeiro – é o único produtor nacional a expandir a produção nesta safra. O crescimento anual foi de 22,6% ante uma redução de 25,7% no País, por exemplo.
Com o avanço da safra 2021 e com colheita finalizada em junho, Mato Grosso deverá entregar ao mercado cerca de 194,2 mil sacas, ante 158,4 mil sacas de 2020.
Conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) – que divulgou dados referentes ao o 3º Levantamento da Safra 2021 de café – “diferentemente dos demais estados, Mato Grosso representou um aumento em relação à safra anterior. Isso se deve a uma mudança no sistema de produção do Estado, que passa por transformações, com o predomínio de novos materiais propagativos e maiores investimentos na cafeicultura estadual”.
De uma safra para outra, a área plantada com café em Mato Grosso passou de 9,60 mil hectares para 10,77 mil, expansão de pouco mais de 12%. Apesar do crescimento em área, o café mato-grossense tem a menor produtividade entre os estados produtores do Brasil, está em 18 sacas por hectares, enquanto a média nacional é de 26 sacas.
Toda a produção estadual é de café conilon, variedade mais indicada aos cultivos de cerrado. A colheita foi realizada de abril a junho no Estado.
Os cincos maiores produtores de café, no Estado, são: Colniza, Juína, Aripuanã, Nova Bandeirantes e Cotriguaçu, mas segundo a Empresa Mato-grossense de Pesquisa Assistência e Extensão Rural (Empaer), atualmente 31 municípios produzem o grão e a cultura está presente dentro dos pequenos agricultores e na agricultura familiar.
BRASIL – A previsão é que o Brasil produza aproximadamente 46,9 milhões de sacas de café beneficiado. O número representa uma diminuição de 25,7% em relação ao resultado da safra de 2020, considerada recorde. A área em produção, por sua vez, é atualmente estimada em 1,8 milhão de hectares, 4,4% menor que a safra anterior.
A produção de café arábica está estimada em 30,7 milhões de sacas, 36,9% a menos se comparado ao volume produzido na safra anterior. O conilon, por sua vez, deve alcançar uma produção de 16,15 milhões de sacas, o que indica um aumento de 12,8% sobre o resultado obtido em 2020.
Além dos efeitos fisiológicos da bienalidade negativa, observados em diversas regiões produtoras neste ciclo, os motivos para a redução também incluem as condições climáticas adversas de seca em muitas localidades e as geadas, que ocorreram em junho e julho. Estes fatores influenciaram tanto para redução do rendimento médio como para a diminuição da área em produção.
O levantamento da Conab foi realizado em um momento em que mais de 95% das áreas plantadas já foram colhidas. O resultado da pesquisa de campo mostra uma redução na produção, em comparação à safra anterior.
Neste contexto, com relação aos maiores estados produtores, Minas Gerais deverá alcançar 21,4 milhões de sacas, uma redução de 38,1% em comparação a 2020.
Já a estimativa de colheita para o Espírito Santo deve ser de pouco mais de 14 milhões de sacas, 11 milhões para conilon e 3 milhões para arábica.
Em seguida vem o estado de São Paulo, com produção estimada em 4 milhões de sacas de café arábica. Isso representa uma redução de 35,1%, em comparação à safra anterior, que chegou a pouco mais de 6 milhões de sacas.
A Bahia deverá produzir quase 3,5 milhões de sacas, 13% a mais que no ano de 2020. Rondônia vai colher quase 2,2 milhões de sacas, um decréscimo de 11,3%. No Paraná, a produção está estimada em quase 873 mil sacas de café.
O Rio de Janeiro, por sua vez, tem produção esperada de 236 mil sacas, redução de 36,4%. Em Goiás, serão 212 mil sacas, 14,4% a menos do que em 2020. Finalmente, Mato Grosso deverá produzir 194 mil sacas.
PRODUÇÃO BIENAL – O café é uma das culturas caracterizada pela bienalidade. Ou seja, em um ano a cultura produz um maior número de frutos, exigindo da planta mais nutrientes, enquanto no ano seguinte, a produção é menor. Assim, a menor produção permite a recomposição das estruturas vegetais e reservas da planta.
Justamente por causa da bienalidade negativa, os efeitos fisiológicos nas lavouras ficam mais latentes na fase de produção, especialmente para o café arábica, que é mais sensível a este fenômeno se comparado ao café conilon.