Apesar da queda no preço da arroba do boi e aumento nos custos de produção, o presidente da Associação dos Criadores Nelore de Mato Grosso, Alexandre El Hage, destaca otimismo entre os pecuaristas com o cenário econômico de 2023.
“Hoje temos menos grãos disponíveis, devido ao aumento nas exportações e também devido às crises mundiais, o que de fato vem ocasionado um super custo para a pecuária. Mas a situação nos mostra que é hora de o criador fazer o dever de casa produzindo uma arroba mais barata a partir do sistema a pasto“.
Alexandre El Hage explica que desde o ano passado a pecuária entrou em um ciclo que dura em média quatro anos e que culminou no aumento da oferta de fêmeas. Segundo ele, hoje as fêmeas já significam cerca de 50% dos abates no frigorífico, o que também contribuiu para baratear a arroba, mas isso deve se normalizar em médio e longo prazo a um percentual de até 35%.
“Ainda não tivemos oportunidade de nos sentar com o novo ministro da Agricultura, mas acredito que entre fevereiro e março as diversas entidades da pecuária vão se reunir para levar até ele as pautas prioritárias. O novo governo foi eleito e precisamos jogar junto, pois o agro precisa do Brasil e o Brasil precisa do agro“, acrescentou.
Entre as demandas prioritárias para a pecuária estão, de acordo com Alexandre El Hage, estão a liberação de novas plantas para exportação. “Tivemos recentemente, em janeiro, o anúncio de abertura de duas novas plantas, em Tangará da Serra e Matupá, para o mercado da China e Indonésia. Precisamos caminhar nesse sentido, com ênfase no mercado internacional“.
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Para o presidente da Nelore/MT, o mercado interno ainda está se recuperando, por isso a importância expansão em outras frentes. “Somos constantemente questionados sobre o preço da carne, mas é importante entender que a margem de lucro é sempre maior entre os atravessadores, geralmente os maiores varejistas trabalham com a margem de lucro mais alta, e não produtores e frigoríficos”.
Mato Grosso tem atualmente um rebanho com aproximadamente 33 milhões de cabeças de animais, dos quais 80% nelore ou ‘anelorado’. Alexandre El Hage atribui esse sucesso a um conjunto de fatores, tais como clima perfeito, atividade regular de chuvas, alimentação e trabalho profícuo dos criadores, que vêm ao longo dos anos investimento no melhoramento genético da raça.
“O nelore é a melhor raça, a mais adaptada, além disso, nos últimos cinco anos evoluímos mais do que nos últimos 100 anos. Essa evolução extraordinária pode ser atribuída à dedicação e ao profissionalismo dos pecuaristas, que estão investimento em tecnologias embutidas e novos programas de melhoramento“.