Neri Geller foi nomeado, ontem (22), para o cargo de secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura. Essa será a terceira vez que ele vai comandar a área estratégica para a Pasta.
Responsável pela formulação e condução do Plano Safra, pela gestão Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) e pela definição de mecanismos de garantia de preços agropecuários e de comercialização, a Secretaria de Política Agrícola (SPA) estava com o posto vago desde o início de 2023. Wilson Vaz de Araújo, servidor de carreira e diretor de Política de Financiamento ao Setor Agropecuário, ficou como substituto ao longo do ano.
A nomeação de Neri Geller ocorre uma semana após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) reverter a decisão que cassou seu mandato de deputado federal no ano passado e o tornou inelegível por oito anos por suposto abuso de poder econômico e triangulação bancária nas eleições de 2018. O processo se tornou um impedimento legal para que ele assumisse qualquer cargo no governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
A candidatura do agora secretário ao Senado Federal por Mato Grosso no pleito de outubro de 2022 também foi barrada por conta dessa decisão. Na sexta-feira passada (15/12), a corte acatou, por 6 votos a 1, o recurso apresentado pela defesa de Geller e devolveu os direitos políticos a ele, o que abriu caminho para a nomeação no ministério.
Ex-ministro da Agricultura e ex-deputado federal, Geller já comandou a Secretaria de Política Agrícola (SPA) em outras duas ocasiões: em 2013, durante a gestão de Mendes Ribeiro Filho, e de 2016 a 2018, quando a Pasta foi comandada por Blairo Maggi.
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No ano passado, Geller foi cotado para assumir o ministério durante a transição, cargo que ele já ocupou em 2014 durante o governo de Dilma Rousseff, mas Lula optou pelo senador Carlos Fávaro (PSD-MT).
Ele também chegou a ser indicado para ser presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), mas a estatal acabou vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário. Em janeiro deste ano, Fávaro confirmou a escolha do colega de Mato Grosso para a SPA, mas a pendência judicial impediu a nomeação.
Natural de Selbach (RS) e radicado há anos em Mato Grosso, onde é produtor rural, Neri Geller foi aliado de Lula na campanha eleitoral de 2022 junto ao ministro Carlos Fávaro e ao empresário Carlos Augustin, atual assessor especial do Ministério da Agricultura e presidente do Conselho de Administração da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A sua posição política gerou críticas do setor agropecuário mato-grossense, ao qual é ligado, e que passou, em certa medida, a considerá-lo um desafeto.
Mesmo sem cargo, Geller atuou nos bastidores do ministério em 2023, frequentou o prédio e participou de reuniões ministeriais, como encontros com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para a elaboração do Plano Safra 2023/24, e da Câmara Temática de Crédito da Pasta.
Com o impedimento de Geller e a vaga em aberto no Ministério da Agricultura, alguns partidos políticos chegaram a pressionar o Palácio do Planalto nos últimos meses para tentar nomear aliados para o posto de segundo escalão.A volta de Geller ao ministério é bem-vista pelo setor, que ainda se mantém distante do governo. A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), da qual o novo secretário foi vice-presidente no ano passado quando ainda era deputado, avalia que a presença dele no Executivo pode ajudar na interlocução para o avanço de pautas de interesse do campo.