Com o intuito de preparar empresários para o mercado internacional, Programa de Qualificação Para Exportação (PEIEX) foi iniciado em Mato Grosso e já conta com 15 empresas participantes. O Programa surgiu de uma parceria da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), por meio do Escritório e Inovação Tecnológica (EIT), com a Agência Brasileira de Promoção e Exportações e Investimentos (Apex Brasil).
De acordo com a monitora do PEIEX em Mato Grosso, Luciane Durante, entrevistada pelo MT Econômico, além de Cuiabá, que atenderá as empresas da baixada cuiabana, ainda existe polo em Rondonópolis, alcançando a região Sul, e outro polo em Sorriso, que abrange atendimento no médio-norte do Estado. Contudo, todos os municípios podem participar pela modalidade online. Expectativa é que este ano sejam atendidas ao menos 150 empresas, em parceria que deve durar até 2 anos.
“A empresa tem que cumprir alguns requisitos de ter, por exemplo, um produto ou um bem ou serviço com potencial exportador e seguir alguns requisitos mínimos para que ela se enquadre no perfil exportador atendido pelo PEIEX”, disse a monitora do Programa de Exportação.
Veja na íntegra a entrevista realizada pelo MT Econômico:
MT Econômico: Como funciona o projeto PEIEX?
Luciane Durante: É um programa que já atua em 35 cidades brasileiras, atendendo todas as regiões do Brasil. Aqui na região Centro-Oeste nós temos esse núcleo operacional em Cuiabá que coordena ações de Cuiabá, Várzea Grande e baixada, além do polo Sorriso e polo Rondonópolis.
Embora a gente tenha técnicos nesses três locais, o PEIEX atende o estado inteiro e é um programa que se destina a apoiar empresas que desejem entrar nesse mercado de exportação. Para tanto, a empresa tem que cumprir requisitos de ter por exemplo um produto, ou bem, um serviço com potencial exportador e seguir alguns requisitos mínimos para que ela se enquadre no perfil de exportação atendido pelo PEIEX.
Nossa meta é atender 150 empresas em todo o estado de Mato Grosso em um período de 2 anos. O Programa funciona a partir da identificação das empresas que possuem perfil com potencial exportador, e aí os nossos técnicos, que são profissionais especialistas em comércio exterior, contatam essas empresas e apresentam o projeto para elas. A partir da adesão, é desenvolvido um plano de comércio internacional, que consiste em um planejamento dessa atividade de exportação, que contém a valoração do produto, a identificação dos melhores mercados e dos melhores canais de distribuição.
Isso tudo em um horizonte temporal de 2 anos. Não quer dizer que a empresa seja obrigada a iniciar suas exportações nesse prazo, mas ela será preparada durante esse período. Com esse planejamento, ela aumenta seu potencial competitivo entrando na exportação de uma maneira mais planejada, mais segura e com isso a atividade tem o maior potencial de ser efetiva.
MT Econômico: O Programa de Exportação é gratuito? Tem subsídio do Governo Federal?
Luciane Durante: O atendimento do PEIEX é gratuito. A empresa não tem que pagar nada. A contrapartida é cumprir esses requisitos que eu disse, que são mínimos. Por exemplo, ter o CNPJ ativo, algumas questões que são básicas. A contrapartida é ter esse compromisso de desenvolver o plano junto com o técnico que vai acompanhar essa empresa. Os recursos do PEIEX são da Apex Brasil e foram direcionados para UFMT e operacionalizados pela Unisselva. O programa não visa lucro e tem o objetivo de ajudar as empresas a alcançarem novos mercados.
MT Econômico: Como está o andamento do projeto?
Luciane Durante: O programa foi efetivamente implantado em janeiro de 2021. Em fevereiro, a equipe técnica foi qualificada e no começo de março entramos em campo. Temos 2 semanas de operação e um banco de prospecção de mais de 3 mil empresas. Atualmente, já são 15 empresas interessadas no PEIEX. Estamos muito animados com as respostas que estamos tendo de todos os setores.
MT Econômico: Empresas participantes são de quais segmentos? Quais são os critérios de seleção?
Luciane Durante: Estamos conversando com empresas de pedras preciosas até laticínios, então passamos por uma gama de todos os setores. Havendo maior demanda, isso será repassado para a Apex Brasil e essas questões de metas são revistas por eles. O programa é executado em mais de uma fase, então nessa primeira rodada, mediante a demanda, o programa pode ter outras edições.
É levado em consideração, quando o técnico visita a empresa, se ela se propõe a exportar e tem condições de ampliar a produção para atender o mercado local, nacional e internacional.
Uma vez que ela oferece esse produto, pode ser que haja uma grande demanda, então é diagnosticado como está a estrutura produtiva da empresa. Tem recursos para em caso de aumento da demanda de produção, ela tem condições de investir em seu chão de fábrica, ampliar equipamentos? Tem condição de manter um site em língua estrangeira do mercado que ela identificou como sendo alvo para que possam ser feitas essas negociações? Tudo isso são questões prévias que a gente discute com a empresa e se por ventura não tivermos no momento condições de colocar a infraestrutura, nós encaminhamos essa empresa para qualificações para ela se prepare para quando o momento oportuno chegar no PEIEX.
MT Econômico: Quais são as etapas de planejamento?
Luciane Durante: O programa prevê uma dedicação de 38 horas, que inclui a apresentação do programa ao empresário para que ele entenda todo esse contexto. Em seguida, é identificado o perfil exportador dessa empresa e um diagnóstico da sua gestão. Então, em um segundo momento, o técnico faz a apresentação desses 2 diagnósticos ao empresário e a partir daí o gestor da empresa decide junto com o técnico a adesão ou não ao programa.
Uma vez aderido, passamos para a terceira etapa, que é a elaboração conjunta do plano de exportação. O PEIEX avalia a empresa e a empresa avalia o PEIEX. No final, ela também recebe um certificado e é inserida em um grupo para o qual ela começa a ser convidada para eventos como feiras e eventos de interesse do produto dela. Assim, ela consegue identificar como está a concorrência e como está o produto dela em relação ao mercado.
MT Econômico: Há uma ligação entre as empresas participantes em Mato Grosso e as empresas distribuídas em outros polos do Brasil?
Luciane Durante: Sim. Como é um programa nacional, o gestor de Mato Grosso é o mesmo gestor de Varginha, em Minas Gerais, por exemplo. Coincidentemente estamos trabalhando com uma empresa aqui, cuja fábrica é em Varginha. Então a gente pode sim, trocar experiências não só internamente como todo o grupo de empresas participantes. São 35 cidades em todos os cantos do Brasil.
MT Econômico: Quais são os indicadores avaliados para apontar que uma empresa esteja pronta para exportar seus produtos no final do programa?
Luciane Durante: Nós temos Mato Grosso como o 5º maior exportador do Brasil, mas nossa característica é de grandes exportadores, grandes empresas que já atuam no mercado internacional. O alvo do PEIEX são empresas menores, que já fizeram a tentativa de exportar, exportaram uma vez ou outra, mas não conseguiram consolidar essa atividade e ainda, aquelas que nunca exportaram e possuem esse desejo de vender seus produtos em outros países.
Como é a primeira vez do PEIEX em Mato Grosso, nós ainda não temos esse diagnóstico, mas a princípio, isso tudo pode ser medido por exemplo, por setores de produtos e bens que não estavam no hall de produtos exportadores que passaram a integrar a base internacional. Isso pode ser medido em termos de peso, de valores, de recursos movimentados do programa, e a partir desse diagnóstico que nós vamos realmente conhecer essas empresas e poder criar esses indicadores.
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