Está dada a largada da nova safra de soja em Mato Grosso. O plantio do ciclo 2023/24 está liberado desde o último (16), com o fim do período do Vazio Sanitário, intervalo de 90 dias em que o cultivo fica impedido em todo o Estado. A partir de agora, os trabalhos no campo são retomados na medida em que as chuvas vão umidificando o solo.
Conforme o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), levantamento realizado em agosto/23, apontou nova expansão de área da safra 2023/24 de soja em Mato Grosso, em 0,82%, mas recuo na oferta, com a produção encolhendo cerca de 3,39%, quando comparando os indicadores com a safra anterior.
“Os números para setembro se mantiveram sem alterações em relação ao levantamento do mês passado. Com a pressão nos preços da soja neste ano, em relação a 2022, e os custos de produção, em reais por sacas, próximos do valor ofertado pelo produto, as incertezas quanto ao investimento no cultivo da soja para a temporada permanecem no Estado. Além disso, o atraso na aquisição dos insumos poderá influenciar na menor utilização de pacotes tecnológicos e, também, redução na aplicação de fertilizantes para o ciclo 2023/24”, destacam os analistas do Imea.
Em razão desses fatores, a estimativa de área foi mantida em 12,22 milhões de hectares, já para o comparativo anual há incremento de 0,82%.
Diante das incertezas quanto à safra e com indicadores importantes em aberto, a projeção da produtividade permanece em 59,70 sacas/hectare, indicando recuo inicial de 4,17% em relação ao rendimento da safra 2022/23. Com a manutenção da área e da produtividade, a produção da safra 2023/24 ficou prevista em 43,78 milhões de toneladas, queda de 3,39% ante a safra passada.
ANTECIPAÇÃO – Neste ano, excepcionalmente, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), está concedendo autorizações para parte dos produtores de Mato Grosso iniciarem a semeadura da soja a partir do dia primeiro de setembro, devido à preocupação com o corte das chuvas, visto a perspectiva de um forte El Niño.
O Mapa concedeu 247 autorizações de cultivo excepcional de produção comercial de soja em Mato Grosso a partir de 1º de setembro. A medida visa mitigar o risco climático na cultura de algodão segunda safra.
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A autorização de semeadura excepcional foi expedida pelo Mapa no dia 16 de agosto, após solicitação de cultivo excepcional de soja no Estado por parte da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa).
Os analistas do Imea ressaltam que sem a autorização do Mapa o plantio da oleaginosa continua sendo a partir do fim do Vazio Sanitário (16 de setembro). “Desse modo, a preocupação quanto ao clima no Estado segue no radar dos sojicultores e segundo os dados do NOAA, os meses de outubro e novembro/23, as estimativas de anomalia das chuvas apontam precipitações abaixo da média para Mato Grosso.
MUDANÇAS – Foi publicada na última sexta-feira (15) a Portaria nº 886 com a alteração no calendário de semeadura da soja para a safra 2023/24 nos estados da Bahia, Paraná, Rio Grande do Sul, Rondônia e Santa Catarina.
O calendário de semeadura é adotado como medida fitossanitária complementar ao período de Vazio Sanitário, com objetivo de reduzir ao máximo possível o inóculo da ferrugem asiática da soja. A medida implementada no Programa Nacional de Controle da Ferrugem Asiática da Soja (PNCFS) visa à racionalização do número de aplicações de fungicidas e a redução dos riscos de desenvolvimento de resistência do fungo Phakopsora pachyrhizi às moléculas químicas utilizadas no seu controle.
A ferrugem asiática é considerada uma das doenças mais severas que incidem na cultura da soja, podendo ocorrer em qualquer estádio fenológico. Nas diversas regiões geográficas onde a praga foi relatada em níveis epidêmicos, os danos variam de 10% a 90% da produção.