Dados preliminares de um experimento realizado pelo Núcleo de Estudos em Pecuária Intensiva (NEPI) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) de Sinop, em parceria com a Associação dos Criadores Nelore de Mato Grosso (ACNMT), apontam sucesso na técnica de “sequestro” aplicada na transição seca-águas.
Após quatro meses de experimento, a coordenadora do NEPI, Drª Kamila Andreatta, adianta que as pastagens reservadas ficaram prontas e com boa qualidade para receber o gado. O início do confinamento na modalidade sequestro teve início em setembro do ano passado, oferecendo tempo para a recuperação adequada do material verde.
“Nesse período de pós resgate, o gado entra na fase de recria suplementada a pasto, que será sucedida pela terminação intensiva a pasto até chegarem à fase do abate, o que deve acontecer em até 11 meses de experimento. Mesmo sem rodar as análises estatísticas, verificamos o sucesso da técnica, que agrega muito ao produtor”, afirma a pesquisadora.
A última pesagem e coleta de exames do gado ocorreu no dia 21 de janeiro. Na segunda fase do experimento, os bezerros, agora liberados para o pasto, seguem divididos em dois lotes principais: animais com maior e menor ganho de peso. Cada lote receberá dois tipos de tratamento, metade com suplementação proteica energética e a outra metade mineral aditivada.
“Será quase um ano de avaliação com aferição de itens como desempenho nutricional, produtivo e econômico, características de carcaça e qualidade de carne. Além de comparar os resultados a partir dos diferentes tipos de suplementação, observaremos o custo-benefício de se fazer o resgate”, acrescenta Kamila.
Estão participando da prova de ganho em peso 600 bezerros, de 20 criadores associados à ACNMT. Avaliados para fins da pesquisa são 180. Os animais iniciaram o experimento com uma média de 7 arrobas de peso vivo e deverão ficar prontos para abate até setembro, pesando mais de 20 @. Também será feito o abate técnico do gado para avaliação da qualidade da carne.
Satisfeito com o andamento dos trabalhos, o presidente da Nelore Mato Grosso, Aldo Rezende Telles, afirma que essa é a terceira pesquisa realizada pela entidade em parceria com a UFMT de Sinop. A proposta é alavancar cada vez mais a pecuária estadual, que já possui o maior rebanho brasileiro, com 32,7 milhões de cabeças.
“Temos o dever de orientar o produtor para que obtenha maior desempenho e lucratividade, mas, optamos em sair do ‘achismo’ para ter dados concretos e adaptados à nossa realidade. Como trabalho há muitos anos na área, sei que a iniciativa da associação vai contribuir muito com a tomada de decisão dos pecuaristas”, avalia Telles.
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Nathalia Dias, consultora técnica da Cargill-Nutron, pontua que as etapas da prova de ganho em peso estão atingindo todas as expectativas, já que a missão é justamente a quebra de paradigmas: conseguir mostrar que um animal com idade de 20 a 24 meses chegue ou ultrapasse 20 @ no prazo de um ano (após a desmama), em um sistema de recria e engorda controlado e economicamente viável ao produtor.
“Embora os preços estejam instáveis no mercado para reposição e insumo, estamos mensurando, por meio de dados técnicos, que o melhor caminho continua sendo a intensificação. Assim, diluímos o ágio do bezerro e depositamos peso de forma constante, evitando o gargalo das secas, que é um desafio na maioria das fazendas”, acrescenta a consultora.
ABATE TÉCNICO – Os dois lotes de animais serão mensurados e comparados em abate técnico pelo Circuito Nelore de Qualidade e Programa Nelore Natural, em uma parceria com a Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB), que pagará uma bonificação no valor da arroba pela participação dos animais no programa.
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