Os agricultores e exportadores mato-grossenses estão pagando mais caro para escoar a produção. Os preços do frete em fevereiro de 2021 subiram, em média, até 25% se comparado com os valores praticados no mesmo mês do ano passado. A menor alta é para os produtos que seguem para o porto de Santos, como mostra o Boletim Logístico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado nesta segunda-feira (29).
Apesar de ser possível encontrar elevação chegando a 26% a depender da rota, o transporte para o principal porto do país registra um aumento de 11% na média. Agora, se o escoamento for realizado por Paranaguá ou ainda pelo Arco Norte, as cotações ficam 19% e 20% mais elevadas. Índice abaixo do roteiro com destino da produção pelo Alto Araguaia, no próprio estado, onde foi registrada a maior variação entre os anos.
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Já a diferença entre os preços praticados entre os dois primeiros meses deste ano é ainda mais expressiva. Neste caso, a maior variação é encontrada nos produtos que saem de Sorriso e seguem para Miritituba, no Pará. Se em janeiro o preço pago por tonelada removida era de R$ 160, em fevereiro passou para R$ 230, uma elevação de 44%.
De acordo com a análise da Conab, essa situação é resultado da junção de diversos fatores, como a intensificação da colheita da soja, o aumento de preços do combustível, e ainda alguns congestionamentos em rotas importantes.
“Com o volume significativo de chuvas registrado em Mato Grosso, surgiram gargalos logísticos em alguns corredores. Nestes locais, com um fluxo muito elevado de caminhões, há relatos de problemas de descarga, com filas em pontos de transbordo como decorrência também da concentração do grande volume a ser escoado em um curto espaço de tempo”, explica o superintendente de Logística Operacional da Conab, Thomé Guth. “Essas filas e a morosidade na descarga em terminais exercem efeito de enxugamento da oferta de transporte, à medida que caminhões ficam parados, portanto, indisponíveis para realização de novas viagens, o que inflaciona os preços”, acrescenta.
Ferrovias – O investimento na ampliação das ferrovias é uma forma de buscar um menor custo para o escoamento da produção agrícola. Quando comparado com outros países de grandes extensões territoriais, o Brasil apresenta baixa densidade da malha ferroviária, com 3,4 km de trilhos por mil quilômetros quadrados. Com este índice, o estado brasileiro se coloca abaixo de países com área menor, mas com ocupação ainda mais significativa do que outros como Índia, África do Sul, Argentina, México e Austrália.
“Há um grande esforço para atrair bons investimentos para propiciar a extensão da malha ferroviária e melhorar a qualidade e a segurança do transporte de carga do país, de forma a ampliar a participação das ferrovias na matriz de transportes nacional, tornando-a mais equilibrada e sustentável. Houve um crescimento significativo da movimentação de cargas pela malha ferroviária brasileira, contudo, ao analisarmos esse progresso surge uma realidade que não está compatível com as necessidades internas”, ressalta Guth.
O Boletim aponta inclusive a tramitação, no Senado Federal, do Projeto de Lei (PLS) Nº 261/18, que trata do Marco Regulatório das Ferrovias. O texto propõe, entre outros assuntos, facilitar a atuação do setor privado no transporte com a recriação do regime de autorização para o mercado ferroviário.
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(Com Conab)