O preço do frete em novembro de 2022 aumentou em todas as praças analisadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) conforme divulgado na edição de dezembro do Boletim Logístico, publicado no site da estatal, ontem. A variação de preços chegou a 41% no trecho entre Querência/MT a Araguari/MG. Em outras rotas, oscilou entre 9% (na rota Campo Mourão a Paranaguá – PR) e 96% (na rota Cristalina a São Simão – GO), na comparação com o mesmo período do ano anterior. Em contrapartida, na comparação com outubro de 2022, constata-se estabilidade ou pequenas variações.
Em Mato Grosso está projetado que a colheita da soja se iniciará na última semana de dezembro, de forma pontual e tímida. O cenário deverá começar a mudar a partir da segunda semana de janeiro/23, quando as primeiras áreas plantadas serão colhidas de forma mais intensa, estimando-se que até lá ocorrerá pouca movimentação nos preços do frete. “Cabe frisar que as manifestações pós período eleitoral não tiveram força para modificar o abastecimento a ponto de alterar as cotações do frete rodoviário no Estado”, apontam os analistas da Conab.
Entre os fretes mais caros, a partir de Mato Grosso, estão as rotas Sorriso/MT-Santos/SP que chegou a R$ 425 a tonelada, alta de 21% na comparação anual, Sorriso/MT-Paranaguá/PR a R$ 440, alta de 33% em relação a dezembro do ano passado e Querência/MT-São Luis/MA, R$ 430, alta anual de 39%.
ANÁLISE GERAL – O mês de novembro de 2022 apresentou demanda por fretes enfraquecida na maioria dos estados analisados, com movimento típico de entressafra. Espera-se o reaquecimento do mercado a partir de janeiro de 2023, com a aceleração da colheita de soja. De forma geral, o mercado interno manteve uma demanda firme de grãos e farelos com destino às regiões produtoras de rações animais no Sul do Brasil, compensando parcialmente a diminuição no volume das exportações.
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EXPORTAÇÕES – O volume acumulado das exportações de milho entre janeiro a novembro de 2022 atingiu 48,87 milhões de toneladas, contra as 22,27 milhões apuradas no mesmo período do ano passado, o que representa crescimento de 119,4%. O forte ritmo das exportações brasileiras tem sido impulsionado pelos excelentes preços internacionais ao longo da temporada, a despeito das expectativas recentes, que apontam para uma maior folga no quadro de oferta e demanda mundial.
Até o início deste ano, a China importava milho principalmente dos Estados Unidos e da Ucrânia. Com a guerra com a Rússia e o desentendimento com o governo chinês, em razão da questão taiwanesa, o gigante asiático passou a adquirir mais produtos alternativos, como sorgo e cevada, além de buscar novos fornecedores de milho. O cenário beneficiou as negociações com o Brasil, e as exportações do milho nacional para a China já aumentam a partir desta safra comercial.
Por outro lado, as exportações brasileiras de soja apresentaram queda de 7,9%, reflexo da redução na produção brasileira deste ano e do menor ritmo observado na comercialização interna. O volume acumulado comercializado entre janeiro e novembro de 2022 foi de 88,14 milhões de toneladas, contra 95,72 milhões em igual período de 2021. As últimas semanas foram marcadas por oscilações na Bolsa de Chicago, particularmente devido ao retorno do “dólar soja” na Argentina, que voltou a vigorar a partir de 28 de novembro.
O “dólar soja” estabelece uma taxa de câmbio específica para o complexo soja, o que impulsionou fortemente as vendas daquele país, ao ponto de o grão argentino ter retirado compradores dos Estados Unidos, impactando Chicago negativamente. Adicionalmente, a desvalorização do dólar no Brasil enfraquece o potencial de vendas externas. No comparativo com as exportações brasileiras de outubro de 2022, a oleaginosa apresentou em novembro uma redução de 31,7%.