Apesar da produção ser pequena, Mato Grosso também produz café. São cerca de 20 mil hectares plantados com o grão, mas a ideia é aumentar a produção.
Um projeto chamado Pró Café da Secretaria de Estado de Agricultura vai distribuir mudas de café da espécie conilon provenientes de clones o que será um incentivo para aumentar a plantação.
Devem ser beneficiados pela iniciativa os municípios de Tangará da Serra, Colniza, Cotriguaçu, Nova Bandeirantes, Alta Floresta, Rondolândia, Carlinda, Aripuanã, Juína e Nova Monte Verde. No total, deverão fazer parte do programa 50 produtores de cada município.
Em Tangará da Serra, a 242 km de Cuiabá, um dos que deve participar é José Turatti. Na propriedade rural dele, os quase 30 mil pés de café da espécie arábica não floresceram e os galhos estão com poucos grãos. Sinais de que as plantas não devem produzir bem. A expectativa dele era de que a safra fosse cheia, o que não deverá ocorrer.
"Esse El Niño que atrapalhou? A lavoura não tem colheita esse ano? Era para estar em plena, em pleno vapor a colheita, e não tem”. O que atrapalhou foi o forte calor e a falta de chuva, disse ele. "Foi o tempo seco, foi o tempo seco, o sol, a temperatura acima de 42, 43 graus", falou.
O ataque de pragas na área também prejudicou o desenvolvimento das plantas. "Quando o ano é ruim de chuva a praga mineira entra e ataca os cafezais. Isso também prejudica porque derruba a folha né, o café tem que ter folha pra produzir", explicou.
Com o Pró Café, ele espera conseguir superar as dificuldades. Pelo projeto, serão distribuídas mil mudas de café para cada produtor. Os participantes terão ainda a ajuda com insumos e a assistência de técnicos da Empaer (Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural). As mudas da espécie conilon estão sendo produzidas no estado depois de investimento de mais de R$ 1,2 milhão. A previsão é que sejam entregues ainda neste ano.
“É o que nós precisa aqui, né? Assistência técnica. E você pega um material produtivo, a expectativa é boa porque você sabe que você vai plantar, vai botar uma muda no chão que ela tem qualidade. Porque não adianta nada você ter eficiência na lavoura, mas se você põe um material que ele não é compatível, que ele não é produtível", disse Turatii.
Pelo quilo do café, Turatti recebe até R$ 19. O conilon é mais barato, está cerca de R$ 13 o quilo, mas o agricultor espera ter um bom retorno financeiro ao negociar a nova espécie com fazendas de café e o mercado atacadista. "Ele dá um bom retorno pela produtividade porque o conilon, ele produz mais, sem sombra de dúvida, ele pode até dobrar, superar, dobrar a produção dos arábicas.
O conilon é uma espécie mais resistente ao calor e ao tempo seco. Mas, para garantir a alta capacidade produtiva, é preciso alguns cuidados. "O principal hoje em dia do café é a mão de obra. Se for bem manejado, se estiver bem nutricionalmente, ele tende a dar uma produção mais alta. Tem produtor que se estiver colhendo 30 sacas por hectare pode atingir na região de origem até 60, 70 sacas por hectare", disse Leonardo Ehle Dias, técnico da Empaer.
A Secretaria de Agricultura de Tangará da Serra não tem um levantamento atualizado da área total de café do município e nem do número de produtores, mas informou que já tem mais de 20 inscritos no projeto. A expectativa é que o café volte a ser uma das principais fontes de renda da agricultura familiar.
"Nós somos um município onde 80% da área agricultável são de agricultura familiar. Nós temos aí uma faixa territorial enorme de propriedades de menos de 100 hectares. Então a nossa aptidão é agricultura familiar. E o café, assim como o leite, hortaliças, são atividades específicas da agricultura familiar. E nós temos que manter esse campo forte. E para manter o campo forte nós temos que dar renda e qualidade de vida ao homem do campo", disse Ander Santos, titular da pasta municipal de Agricultura.