Cuiabá, capital mato-grossense e também do agronegócio brasileiro reuniu pesquisadores, produtores rurais, consultores e profissionais da área agrícola para um dos principais eventos técnicos da cadeia da soja, que ocorre logo depois da colheita do grão, para discutir temas relevantes para a produção da oleaginosa, apresenta novas tecnologias e revela resultados de pesquisas.
Em comum, os especialistas Carlos Cogo (Cogo Inteligência em Agronegócio) e Alexandre Mendonça de Barros (MBAgro) trouxeram alertas importantes para o setor produtivo, principalmente relacionados à comercialização das safras, em que muitos agricultores seguram a venda da produção e podem perder oportunidades de negócios.
De acordo com o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA), mesmo depois de quase um mês do término da colheita da soja nas principais regiões produtoras do Estado, as negociações do grão ainda avançam de forma lenta em Mato Grosso. Até o começo da semana, pouco mais de 55% da produção da safra 2023/24 foram negociados. O atraso na comercialização se estende para a próxima safra. A venda da produção da safra 2024/25, que ainda será cultivada a partir de setembro deste ano, segue o mesmo posicionamento, tendo um dos mais baixos registros de vendas dos últimos cinco anos.
Carlos Cogo apresentou projeções de valores da soja tendo como base o município de Sorriso, em Mato Grosso. Segundo análise, a saca deve atingir o menor preço a partir de março de 2025, em torno de R$105,00. A queda chama a atenção para a necessidade de o agricultor vender a produção de forma bem planejada.
“A La Niña vai pegar praticamente toda temporada no Brasil, grande chance de elevar a produção, ou seja, elevar os estoques globais e manter pressão negativa sobre os preços. No curto prazo, tem pouco a ser feito por parte do produtor, a não ser começar agora as vendas antecipadas, fixações de preços, principalmente quando surgir bons momentos em função da La Niña. Boa gestão e estratégia de venda dos grãos devem fazer parte do cronograma do produtor para próximo ano, não estocar os grãos é uma boa iniciativa, para justamente evitar encontrar no primeiro semestre do ano que vem o cenário mais provável que é prémios, bens negativo dos portos, preços caindo mais do que a própria plantação futura e tentar alocar e realocar a maior parte possível da sua comercialização para o segundo semestre do próximo ano”, explica Dr. Carlos Cogo, pós-graduado em Agronegócios pela Universidade Federal do Paraná, com especialização em Análises de Mercados.
Para Alexandre Mendonça de Barros, engenheiro agrônomo e doutor em Economia Aplicada, o dever de casa para o produtor é sempre assegurar a venda parcial de grãos para cobrir os custos de produção.
“Não há um cenário muito construtivo para formação de preços de soja. Obviamente pode não chover, pode quebrar a safra americana, mas neste momento o ambiente climático é neutro nos Estados Unidos e no caso da América do Sul, com La Ninã, a aposta internacional é que a safra brasileira seja melhor e que o cerrado tenha uma produção mais significativa. O produtor não precisa vender tudo, de maneira alguma! Mas eu já me moveria na intenção de fazer trocas. Temos visto alguns custos bem interessantes diante do preço futuro da soja, ainda que muito mais baixo”, comenta o palestrante Dr. Alexandre Mendonça de Barros.