A colheita da safra 2023/24 de soja, em Mato Grosso, mal terminou, a comercialização segue a passos lentos, mas ainda assim, o produtor estadual já começa a planejar o novo ciclo e a redução de área plantada e de investimentos por hectare é algo certo, necessário, para compensar uma temporada, que segundo eles, “é uma safra para ser esquecida”.
A queda na rentabilidade, e em muitos casos, na produtividade, alterou perspectivas financeiras em relação ao saldo da atual safra, a 2023/24, por causa do cenário de preços mais baixos, alta de custos de produção. Isso tudo deve levar os produtores a reduzir a área plantada de soja no ciclo 2024/25 em Mato Grosso.
A avaliação é do superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Cleiton Gauer, que participou de coletiva realizada pela Aprosoja Brasil e Abramilho, com transmissão virtual. “Dificilmente, o produtor vai deixar de plantar soja, porque é a sua principal atividade, mas vai parar de fazer expansões e investimentos em áreas que demandam mais recursos”, afirmou Gauer.
Apesar de ser uma safra sem recordes de produção e de produtividade, a safra 2023/24 ainda rompeu históricos e apresenta a maior superfície estadual cultivada com soja da história, mais de 12,2 milhões de hectares.
O dirigente acrescentou que os preços atuais da saca, bem como do mercado futuro, para o próximo ciclo não cobrem os custos, o que deve levar os produtores a reduzir os investimentos ou buscar outro produto para cultivar. “Em linhas gerais, a perspectiva é ter redução na próxima temporada porque se mantiver o mesmo pacote de investimentos não vai conseguir rentabilizar a lavoura”, avaliou Gauer.
De acordo com cálculos do Imea, o custo total de produção de soja para a safra 2024/25 está estimado em R$ 7.367 por hectare, ante R$ 7.276 por hectare na safra 2023/24, aumento de 1,2%.
Já a receita bruta estimada por hectare é de R$ 5.517 para o ciclo 2024/25, ante R$ 5.876 para a safra atual, o que representa uma queda de 6,1%.
Na safra 2023/24, os produtores já sofrem um recuo na receita bruta por hectare de 30,1%. Os custos de produção por hectare, no entanto, tiveram uma redução bem mais suave, de 4,5%. As estimativas de custo do Imea não incluem gastos com arrendamento.
A margem do produtor para a atual safra está estimada em R$ 405 por hectare, considerando a produtividade média das últimas três safras de 58 sacas por hectare.
Com praticamente 100% da safra colhida, a produtividade da soja em Mato Grosso tem apresentado média de 52,81 sacas por hectare, ante 62,30 sacas por hectare na safra anterior.
“O cenário inicial para 2024/25 é de dificuldade para os produtores conseguirem pagar operações de crédito”, acrescentou o superintendente.
O Imea divulga a primeira estimativa de plantio para a safra 2024/25 em maio, por isso, a entidade ainda não tem uma previsão oficial para a próxima safra.