Conforme análise de Guto Ferreira, presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), está se abrindo uma nova relação entre a indústria e as startups. “A indústria é um terreno fértil para startups porque dá escala para seus projetos. Em contrapartida, as grandes empresas conseguem aproveitar essas soluções inovadoras para reduzir custos e aumentar produtividade”, diz o executivo em entrevista a Época Negócios.
Justamente por essa conexão gerar tantos benefícios, a Agência estranhou, há cerca de três anos, a falta de relação entre as partes no Brasil. “No mundo todo, havia uma tendência de aproximação, com startups resolvendo diversos problemas da indústrias de maneira rápida e barata.”
E para tentar entender os motivos para isso, a entidade se aliou à Associação Brasileira de Startups (ABS) para realizar uma pesquisa com representantes das duas partes. “Chegamos à conclusão de que havia um grande preconceito vindo dos dois lados. As startups achavam que 'a indústria é repleta de gente velha, que não sabe nada sobre inovação e o futuro’. Por outro lado, as indústrias viam as startups ‘como um meio muito novo, que ainda não entendia o mundo dos negócios’”, aponta.
Programa Startup Indústria 4.0
Com o objetivo de incentivar essa aproximação, a ABDI criou, então, o Programa Startup Indústria 4.0, que chega agora a sua segunda edição. A iniciativa injetará R$ 4,8 milhões em startups, para que elas desenvolvam soluções para problemas identificados por grandes indústrias selecionadas.
A primeira edição do projeto contou com 10 grandes empresas e 27 startups participantes. No total, foram desenvolvidas 32 soluções que envolveram temas como big data, analytics, internet das coisas, realidade virtual, biotecnologia e automação.
A expectativa para essa segunda edição, explica Guto, é aumentar consideravelmente o tamanho dos resultados do projeto, que recebeu inscrições de 87 grandes empresas e 499 startups.
A Agência já selecionou as 30 indústrias participantes. Entre elas, Renault, Natura, Bosch, Votorantim Cimentos, Carterpillar, 3M, Mondelez, Tigre, Nestlé, Vale e BRF. Segundo o divulgado, o objetivo é conseguir conectar essas companhias com pelo menos 60 startups.
Internacionalização
A segunda edição do programa traz uma novidade: a internacionalização do projeto. O edital que selecionou as indústrias participantes, por exemplo, foi aberto para companhias brasileiras e portuguesas – a portuguesa Myshirt, do setor têxtil foi uma das 30 escolhidas.