Durante a live exclusiva promovida pelo Portal Agrolink ontem (15), o meteorologista Gabriel Rodrigues, apresentou análise detalhada sobre as condições climáticas que podem impactar diretamente a safra 2024/25 no Brasil. A transmissão abordou os recentes atrasos no plantio e alertou sobre os possíveis efeitos do fenômeno La Niña, que promete influenciar o clima nos próximos meses.
De acordo com os dados apresentados por Rodrigues, o Brasil vive um período crítico de seca. Informações do Cemaden apontam que, em agosto de 2024, cerca de 980 municípios já tinham 80% de suas áreas agroprodutivas impactadas pela seca. A situação se agravou em outubro, com mais de 500 municípios, especialmente em Mato Grosso, Minas Gerais e parte do Sul do país, enfrentando mais de 150 dias sem chuvas?
O Índice de Precipitação Padronizada, somado aos mapas de anomalias de temperatura e precipitação do INMET, confirmou que as condições de seca permanecem severas em grande parte do Brasil. Essas condições climáticas adversas podem comprometer o início da safra, já que muitas regiões enfrentam dificuldades para iniciar o plantio em tempo hábil.
INFLUÊNCIA DO LA NIÑA – Um dos temas centrais da live foi a influência do fenômeno La Niña, que tem ganhado força nos últimos meses. Segundo Gabriel Rodrigues, o resfriamento das águas do Oceano Pacífico na região do Niño 3.4 sugere a intensificação da La Niña, com valores de temperatura até -3°C em algumas áreas monitoradas. Dados da NOAA e da agência europeia Copernicus indicam que há 70% de probabilidade de que esse fenômeno climático persista até o início de 2025, embora com intensidade fraca e de curta duração.
A La Niña geralmente está associada a uma diminuição das chuvas no Sul do Brasil e a períodos de seca prolongada em outras regiões, o que poderia agravar ainda mais o quadro de déficit hídrico já observado. Embora o fenômeno não deva ser severo, Rodrigues alertou que os impactos sobre a safra podem ser significativos, especialmente se as chuvas não ocorrerem nos momentos críticos do desenvolvimento das culturas.
PROJEÇÕES PARA 2024/25 – Mesmo com o atraso no plantio da safra 2024/25, as perspectivas de produção são promissoras. De acordo com a Conab, a estimativa inicial para a safra de grãos deste ciclo é de 322,47 milhões de toneladas, um aumento de 8,3% em relação à safra anterior. O plantio de soja, milho, arroz e feijão já começou em várias regiões, e os mapas hídricos indicam que, com exceção do norte de Minas Gerais, a maior parte das lavouras apresenta boas condições no início do ciclo.
Rodrigues, no entanto, alertou que as temperaturas acima da média podem acelerar o ciclo de desenvolvimento das culturas, o que aumenta a pressão por pragas e doenças. “Se as chuvas não entrarem de forma regular e as temperaturas continuarem elevadas, poderemos ter um cenário de aumento de custos com defensivos e menor produtividade”, explicou.
Além das análises de curto prazo, a live trouxe comparações entre as previsões da Conab e de agências internacionais, como USDA e StoneX. As estimativas para a produção de soja e milho são bastante próximas, com a Conab projetando 166,05 milhões de toneladas de soja e 119,74 milhões de toneladas de milho. As previsões do USDA e de outras consultorias privadas indicam números similares, reforçando o otimismo quanto à produtividade, desde que as condições climáticas melhorem nos próximos meses.
CALOR RECORDE DE 2024 – Outro ponto abordado na live foi o impacto global das altas temperaturas registradas em 2024. Segundo a agência Copernicus, setembro de 2024 foi o segundo mais quente da história, com temperaturas muito acima da média no Canadá, nos Estados Unidos e na América do Sul.
No Brasil, o calor extremo foi um dos fatores que agravou a seca e intensificou queimadas em várias regiões. Dados da NOAA mostram que de janeiro a agosto de 2024, praticamente todas as regiões monitoradas registraram recordes de temperatura.
A grande preocupação, segundo Rodrigues, é a combinação entre o calor extremo e o déficit de chuvas, que pode dificultar ainda mais o desenvolvimento das lavouras e comprometer a qualidade da safra. O meteorologista também destacou a importância de continuar monitorando de perto as condições oceânicas e atmosféricas para antecipar possíveis ajustes no manejo agrícola.
Para os meses de outubro, novembro e dezembro, a tendência climática é de continuidade da seca em boa parte do Brasil, com chuvas abaixo da média no Sul e temperaturas acima da média em várias regiões. O alerta principal de Rodrigues foi para o manejo agrícola nas áreas mais afetadas pela seca, onde as condições podem exigir estratégias diferenciadas para minimizar os impactos sobre a produtividade.
Apesar dos desafios, as previsões indicam que as chuvas devem retornar em momentos críticos do ciclo de desenvolvimento, o que ainda pode garantir boas colheitas. “A safra 2024/25 tem potencial para ser recorde, mas dependerá muito do comportamento climático nos próximos meses”, concluiu Rodrigues.
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