O Sindicato das Indústrias de Frigoríficos de Mato Grosso (Sindifrigo) espera com atenção e apreensão o desenrolar diplomático da imposição da tarifa de 50% sobre a carne brasileira, como anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na semana passada. Se nada mudar, o tarifaço sobre o Brasil começa a partir de 1º de agosto. Um dos segmentos que pode ser mais afetado é o de carnes. Mato Grosso detém o maior rebanho do país, com mais de 34 milhões de cabeças. A carne é um produto reconhecido como essencial na alimentação do ser humano ao mesmo tempo que sua produção e seu processo produtivo a tornam um produto de valor mais elevado.
Mato Grosso exportou 371,7 mil toneladas de carnes bovina, suína e de aves no primeiro semestre de 2025, um crescimento de 5,46% em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados são do Centro de Dados Econômicos da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec), com base nas informações da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
“Nos últimos meses o setor todo, do produtor rural à indústria, tem trabalhado com margens muito curtas sem espaço para grandes alterações de valores para cima ou para baixo. Em um mundo globalizado os preços se equilibram pela concorrência natural e a diferença deste preço se dá pela diferença nos custos logísticos e nos custos com tributos, que é a parte que fica com os governos”, explica presidente do Sindifrigo MT, Paulo Bellincanta.
A história tem cobrado caro de erros crassos de governos mundo afora, destaca Bellincanta. Como ele explica, decretos e normas governamentais ditando regras a setores privados normalmente são piores que catástrofes naturais que arrasam setores inteiros. “Tarifas indiscriminadas globais sem dosagem no caso a caso são erros que podem prejudicar quem está de um lado ou de outro da fronteira. Errar em uma guerra é permitir que o míssil estoure dentro da própria trincheira”.
Ele lembra que as políticas que regulam compromissos entre nações são compostas de acordos discutidos durante anos, décadas e séculos. “Os infindos acordos e ajustes destes acordos são escritos um a um ao longo de extenuantes discussões. Chamar um parceiro para rediscutir tarifas será normal e desejável desde que em uma esfera diplomática. Sob pressão e em esfera ideológica não podemos admitir nem a provocação tampouco a resposta. Há um universo por trás de alguns blefes como há um universo escondido atrás de meias verdades que pretendem se vitimizar”.
“A esperança que nos resta é a de que, ainda que os “generais” queiram, os “soldados” não permitirão. A condução deste embate precisa seguir sob a batuta da diplomacia brasileira, mas sob o “olhar” do empresário que produz e faz a riqueza acontecer. Que seja conduzida fora do foco ideológico, mas dentro do campo do desenvolvimento que traz o emprego, o progresso, o bem-estar social, as divisas que o país precisa para incrementar a saúde, a educação e a segurança. Sob pressão recebemos uma taxação injusta e desleal, não será com pressão de um decreto de reciprocidade que sentaremos na mesa de negociação, ainda que ele faça parte da estratégia de negociação. Passem a bola à diplomacia e aos empresários e ao final evitaremos muitos mísseis estourando em nossas cabeças ou nossos pés”, argumenta.
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