Segundo o Instituto Soja Livre, os prêmios para a soja convencional têm se mostrado bastante atrativos, variando entre US$ 4 e US$ 6 por saca, em função da oferta e da demanda no mercado. Apesar da redução na área plantada, há interesse no cultivo para atingir mercados mundiais.
“Ao longo da última década, a soja livre se tornou um nicho para ‘produtores especialistas’, pois é um produto com muita tecnologia embarcada e de muito valor agregado, pois requer cuidados específicos desde a semente à originação para garantirmos a segregação do grão. Em troca disso, eles, os produtores, são rentabilizados. Assim, mantemos seguros com a demanda de mercado, bem como contribuímos para garantir a liberdade de escolha do sojicultor brasileiro”, diz César Borges, presidente do Instituto Soja Livre (ISL).
A China, maior consumidor mundial de soja, tem demonstrado um interesse crescente pela soja não transgênica, impulsionada pela preocupação com a segurança alimentar e a busca por produtos mais saudáveis para sua população.
De 2015 até 2025, a China praticamente dobrou a produção de soja convencional para dar conta do consumo doméstico, e vem crescendo ano a ano. Em 2022, além da maior produção local, a China ainda importou cerca de 1,5 milhão de toneladas de soja livre de transgênicos.
Além da China, outros países como o Japão também têm demandado soja convencional para a produção de alimentos como tofu, leite e óleo de soja. O país asiático busca diversificar sua cadeia de suprimentos e reduzir a dependência do mercado norte-americano.
“Empresas coreanas também estão fazendo o mesmo movimento, o que pode se converter na recuperação do corredor de sojas especiais para a Ásia”, explica o consultor do ISL, Fernando Nauffal.
A estimativa é que o Japão importa hoje cerca de 3,5 milhões de toneladas de soja livres de transgênicos, a maior parte originada nos EUA e Canadá. Deste total, um milhão de toneladas são dedicadas ao consumo humano, com base em variedades especiais.
A Europa, por sua vez, após enfrentar uma safra frustrante em alguns países, tem se mostrado um importante destino para a soja convencional brasileira. Apesar do grande crescimento da produção de soja na EU-27 ao longo dos últimos dez anos, passando de cerca de 1,5 milhão para quase 3 milhões em 2023, a necessidade de importações segue sem alterações.
A queda na produção local na safra 2024/25 e as dificuldades persistentes derivadas das importações de soja e farelo da Rússia e da Ucrânia devido à guerra têm impulsionado as importações da América do Sul, o que tem beneficiado os produtores nacionais.
A Noruega, maior demandador de soja convencional brasileira, também ampliará o comércio devido às influências climáticas na aquicultura, com menor produção de espécies adequadas à produção de farinha e óleo de peixe, principais alternativas a soja com insumo de rações.
Mato Grosso segue sendo líder na produção da soja convencional no país, sendo responsável por cerca de 47% da área de produção nacional, com mais de 700 mil toneladas originadas na última safra. Para 2025, a expectativa é que a produção brasileira alcance 1,5 milhão de toneladas.
Apesar do crescimento da demanda de soja convencional, houve uma redução de 21% na área total destinada a essa cultura no Brasil na última safra, passando de 686 mil hectares para 543 mil hectares. Em Mato Grosso, a redução foi ainda maior, de 27%, passando de 379 mil hectares para 274 mil hectares.
“Mesmo com uma área menor, a soja convencional se mostra como uma alternativa promissora para os produtores brasileiros, que podem aproveitar os bons prêmios oferecidos pelo mercado internacional. Com a iminência de aumento da demanda global por esse nicho de commodity, o cultivo de soja convencional oferece boas oportunidades de negócios para os agricultores”, afirma Eduardo Vaz, diretor executivo do Instituto Soja Livre.
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