Os preços médios da saca da soja, em Mato Grosso, apresentaram alta em abril, ante o que foi observado em março. Conforme o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), na última semana, o preço da oleaginosa fechou com média de R$ 108,77/sc, alta de 3,90% em relação ao mesmo período do mês passado.
Como explicam os analistas do Imea, “esse cenário foi atrelado ao aumento de 2,74% no dólar em relação ao mesmo período de março. Além disso, os prêmios correntes voltaram ao campo positivo nos últimos dias, contexto não visto desde o início de 2024, o que contribuiu para a escalada dos preços no estado”. Paralelo à alta, como pontuam, ainda na semana passada as cotações da soja em Chicago apresentaram recuo de 2,89% no comparativo com o mesmo período do mês passado, ficando precificado na média de US$ 11,63/bu. “Essa desvalorização é pautada pelo início adiantado da semeadura da soja nos EUA e a perspectiva de maior oferta ante a demanda no mercado internacional. Daqui em diante as cotações da soja na CME-Group terão grande influência da safra americana, o que pode contribuir para maiores volatilidades no valor da soja mato-grossense, que sempre contabiliza perda de valores em razão da deficiência logística”, destacam.
DATAGRÃOS – Em seu oitavo levantamento sobre a safra 2023/24 de soja do Brasil, confirma o 17º ano consecutivo de incremento da área semeada com a oleaginosa, apesar de a estimativa ter sido reduzida para 45,52 milhões de hectares, ante projeção anterior de 45,53 mi de ha, o que representa um aumento de 1,9% ante a temporada 2022/23. A intenção de plantio, divulgada em julho do ano passado, apontava 45,72 mi de ha – apenas 204 mil ha de diferença com o atual número.
“Este tem sido um ano totalmente diferente na soja brasileira, com produtores ainda estimulados ao cultivo, mas sem a força dos anos anteriores. Os fatores de estímulo predominaram, mas por conta da queda nos preços e das expectativas de margens mais apertadas, o avanço no plantio foi limitado”, explica Flávio Roberto de França Junior, economista e líder de conteúdo da Datagro Grãos.
Apesar do positivo padrão tecnológico, a safra vai fechando com severas perdas na produção, avalia a consultoria. Porém, desde o mês anterior, o avanço da colheita mostrou resultados um pouco melhores, levando a Datagro Grãos a revisar para cima a expectativa de produtividade, de 3.214 kg/ha projetados em março, para 3.251 kg/ha – ainda assim, 9,7% inferior aos 3.602 kg/ha do recorde da temporada 2022/23. “E ainda com possíveis novas revisões, conforme a colheita vai chegando ao final”, comenta França Junior.
Com isso, a expectativa de produção passou de 146,33 milhões de toneladas para 147,96 mi de t. Em caso de confirmação, esse volume ficaria 8,0% aquém da safra recorde colhida em 2022/23, de 160,83 mi de t – ainda assim, a segunda maior da história.
MILHO – O levantamento de abril da Datagro Grãos ratificou a retração na área semeada de milho de verão. A projeção até foi elevada de 4,03 para 4,05 mi de ha – 2,65 mi de ha no Centro-Sul e 1,40 mi de ha no Norte/Nordeste –, 200 mil ha a menos do que o apontado na intenção de plantio, o que representaria uma retração de 10,1% ante a temporada anterior.
A despeito do bom nível tecnológico, o padrão de clima parcialmente irregular levou o potencial de produção da 1ª safra de milho a ser reduzido de 24,040 mi de t apontadas no mês passado, para 23,99 mi de t – 18,09 mi de t do Centro-Sul e 5,90 mi de t do Norte/Nordeste –, 14,0% inferior à prejudicada safra colhida em 2023, de 27,86 mi de t.
Para a safra de inverno 2024, a tendência de retração na área praticamente se manteve desde março. “Combinando fraca sinalização para as margens de lucro, com os problemas no plantio da soja”, ressalta França Junior. No total Brasil, a projeção é de 17,21 mi de ha, 7,5% abaixo dos 18,62 mi de ha de 2023 – 14,34 mi de ha do Centro-Sul e 2,87 mi de ha do Norte/Nordeste.
Considerando os resultados obtidos com o avanço da colheita e o bom comportamento do clima na região central nos primeiros 20 dias de abril, o potencial de produção da 2ª safra foi ajustado, de 90,87 para 91,86 mi de t, 15,4% aquém das 108,59 mi de t da safra de 2023 – 82,86 mi de t do Centro-Sul e 9,00 mi de t do Norte/Nordeste.
No total das duas safras, o Brasil tem previsão de área para 2023/24 de 21,26 mi de ha, 8,0% abaixo dos 23,12 mi de ha de 2023, e produção potencial agora de 115,85 mi de t, 15,1% inferior à safra de 2022/23, quando foram colhidas 136,45 mi de t.
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