O Coordenador de Inteligência de Mercado do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Rodrigo Silva, aproveitou os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) – que confirma mais uma safra recorde para Mato Grosso – e trouxe ao debate um dos principais gargalos do produtor rural: o déficit de armazenagem frente ao crescimento acelerado da produção de grãos.
Segundo Rodrigo, a safra 2024/25 de grãos bateu recorde e agravou ainda mais o gargalo da armazenagem. “Além da produção recorde de soja, com mais de 50 milhões de toneladas, tivemos agora, na segunda safra de milho, 55 milhões de toneladas. Quando somamos as duas produções e comparamos à capacidade de armazenagem apontada pela Conab, de cerca de 52 milhões de toneladas, percebemos que menos da metade dessa grande safra de grãos no estado conta com estrutura adequada para ser estocada”, destacou.
Durante suas viagens pelo interior, o coordenador relata ter presenciado cenas preocupantes. “Eu fui dar uma palestra no interior e vi milho sendo descarregado a céu aberto. É um cenário difícil de conter. A grande oferta precisa virar produto disponível, por isso acaba caindo o preço pago ao produtor”, explicou.
Os números do Imea mostram que, nos últimos dez anos, a capacidade de armazenagem no estado cresceu, em média, 3,3% ao ano, enquanto a produção de soja e milho avançou 6,8% ao ano, mais que o dobro. Para o estado chegar a um equilíbrio, Rodrigo explica: “nós precisamos crescer para conseguir ficar em superávit.
Segundo os dados, precisaríamos crescer 11,4% ano a ano. Temos que quadruplicar o nosso crescimento hoje para daqui 8 anos ficarmos positivos. É um desafio bem complexo”. Natural de São Paulo, Rodrigo Silva afirmou ter ficado impressionado com a força do agronegócio mato-grossense e com o compromisso ambiental do produtor rural.
“É realmente incrível como a gente consegue produzir tanto. Cerca de 12% da soja do mundo é produzida aqui em Mato Grosso e a gente preserva 60% das nossas áreas com tecnologia, muito espaço e o estado é gigante. Conseguimos preservar, produzir e ter a segunda safra. É um poder incrível, foi feito para isso”, reforçou.
“O déficit de armazenagem é um dos maiores gargalos para a competitividade do produtor rural em Mato Grosso e busca soluções para garantir ao produtor mais segurança, rentabilidade e estabilidade no mercado”, pontuou.
GIGANTE – Na semana passada, a Conab confirmou, em mais um levantamento mensal, uma safra recorde para Mato Grosso. O Estado que é o maior produtor nacional de grãos e fibra há 14 ciclos seguidos, terá uma produção total em 2024/25 de mais de 110 milhões de toneladas (t). A projeção se revela 18% acima da colheita anterior e supera ainda, a evolução do total nacional que cresce 16%.
Dos 12 levantamentos mensais que a Conab realiza ao longo de cada ciclo, esse é 11º e em razão disso, os números apresentados ontem devem se confirmar. Mato Grosso finaliza a colheita da segunda safra, com o a do milho na reta final, e a do algodão, ainda se caminhando para metade.
Todas as principais culturas de Mato Grosso, soja, milho e algodão, têm projeções de alta em relação à safra 2023/24.
Em Mato Grosso, a soja segue liderando a produção agrícola estadual. A safra já consolidade desde abril, com o fim da colheita. Foram extraídas 50,59 milhões t, 28,6% maior que o recorde da safra anterior.
E a pujança do ciclo segue com o milho. Cerca de 54 milhões t devem ser colhidas e se o número se confirmar, será um aumento anual de 11%, também sobre o recorde anterior.
Para o algodão, a safra deve render 2,75 milhões t de pluma, que se confirmadas, serão 3,7% acima da safra anterior.
Quer acompanhar as principais notícias de Economia, Política e Negócios de Mato Grosso? Clique aqui e entre no grupo