Dados divulgados pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) mostram que o abate de bovinos aumentou em 4,56%, no Estado, entre janeiro a maio desde ano, ante o mesmo saldo registrado no ano passado dentro deste intervalo.
Conforme o Imea, o volume total de bovinos encaminhados ao abate tem como principal ponto balizador a maior oferta de matrizes de descarte, que surgiram com mais intensidade principalmente no primeiro trimestre desse ano, apontam os analistas.
Dentre as macrorregiões do Estado, a de maior destaque em relação quantidade de animais foi a oeste, que totalizou 390,20 mil cabeças, e, em seguida, estiveram a sudeste e a norte, com o resultado de 309,98 e 302,61 mil animais abatidos, respectivamente.
“Esse resultado foi influenciado pela maior parcela dos frigoríficos habilitados para a China se encontrarem nessas localidades, o que motivou o aumento do indicador. No entanto, quando se analisa a variação sobre o resultado do mesmo período de 2021, as regiões nordeste e centro sul registraram maiores acréscimos ante as demais regiões (+18,37% e +7,74%, respectivamente)”, explicam os analistas.
DIFERENCIAL DE BASE SP – Em maio deste ano, Mato Grosso e São Paulo registraram desvalorização no preço médio da arroba do boi gordo, sendo de 4,74% e 3,47%, respectivamente, ante o mês anterior, e fixaram-se na média de R$ 280,04/@ e R$ 326,41/@ na mesma ordem (ambas as cotações livres de impostos). Com o inicio do período de entressafra, a disponibilidade de pasto tem diminuído e os produtores iniciaram um movimento mais intenso de oferta dos seus animais já aptos para o abate, cenário que influenciou na pressão observada nos preços do indicador. “Porém, a estagnação da demanda interna foi mais intensa em Mato Grosso e esse baixo escoamento pressionou a arroba mato-grossense de forma mais acentuada. Assim, no comparativo com o mês anterior houve uma expansão no diferencial de base de 1,14 pontos percentuais (p.p.), e o resultado ficou na média de -14,21% entre as praças”.
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REDUÇÃO NO PRIMEIRO GIRO – Novamente o mercado do boi gordo opera com desvalorização. O fechamento do mês de maio apontou queda no indicador Cepea/B3 de 3,6% em comparação à média do mês de abril. A principal razão dessa desvalorização é o aumento de oferta de animais em sistema de pastagem em virtude do início da seca, deixando as escalas de abate mais confortáveis, o que possibilitou aos frigoríficos testarem preços menores. A queda de preço também é presente no mês atual. Segundo os dados do pregão fechado no último dia 6, o preço do boi no mercado futuro é abaixo de R$ 320.
Além da desvalorização do boi gordo, os indicadores de confinamento apresentaram alta para todas as regiões segundo os dados do LAE (Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal). Segundo os dados divulgados pelo boletim, o principal motivo desse aumento no indicador é a valorização de insumos como sorgo em grão na região de São Paulo e Goiás e valorização do milho nas praças goianas. Por outro lado, o milho apresentou queda em São Paulo, mas não foi suficiente para uma redução no custo da diária do boi.
“Portanto, o pecuarista se vê em uma situação de redução de margens para a produção de animais em confinamento, principalmente se ele não adotar tecnologias que melhoram os índices zootécnicos dos animais visando aumento de produtividade. Além disso, é nesse momento de margens mais apertadas que precisamos olhar com muito mais atenção para a nossa produção, visando melhor aproveitamento de todos os alimentos da fazenda, como por exemplo, a silagem, pois qualquer erro de manejo pode significar um grande prejuízo no final do giro”, explica o especialista da Nutricorp, Gabriel Zylberlicht.
Dessa forma, a principal alternativa para o pecuarista garantir a lucratividade em cenários como o do início deste mês é investir em tecnologias visando aumentar o peso do seu rebanho buscando uma melhor remuneração na hora do abate. “Em momentos como este, precisamos de muito mais atenção no manejo do dia-dia da fazenda, desde o processo correto de ensilagem visando disponibilizar o melhor alimento para o seu animal até o oferecimento de trato diário com o menor desperdício possível”, completa.