A longa espera pelo inverno deve causar retração de 4,1% este ano no varejo de vestuário, calçados e acessórios em relação a 2023. É o que aponta o levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) sobre o impacto das altas temperaturas durante a estação em 2024. A entidade projeta um faturamento de R$ 14,06 bilhões entre os meses de maio e junho, o menor registrado para o período desde 2021.
“O calor fora de época deve prejudicar as vendas no setor, uma vez que, geralmente, o varejo da moda começa a se preparar para o inverno desde o mês de abril. A saída tem sido chamar aqueles consumidores que querem aproveitar os baixos preços com as promoções neste momento”, comenta o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros.
Segundo Fabio Bentes, economista da CNC responsável pelo estudo, sazonalmente, o comércio de vestuário tende a ter uma aceleração de vendas neste período. “Porém, as temperaturas acima da média para essa época do ano têm neutralizado a evolução ainda favorável das condições de consumo, ocasionada, por exemplo, pela alta empregabilidade e inflação estável e pelos juros em queda”, afirma.
Já em relação ao consumidor, o economista destaca que o clima atípico também contribui para certa desconfiança. “As peças de inverno, costumam ter um custo e, consequentemente, um preço mais elevado. Assim, sem queda muito significativa das temperaturas, o consumidor acaba não materializando esse tipo de gasto como antes”, explica Bentes.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), os últimos quatro recordes anuais de temperaturas ocorreram nos últimos quatro anos. Dessa forma, assim como o consumidor, os varejistas ficam também com receio de investir na estocagem desses itens.