A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou, no mês de abril, novos produtos à base de cannabis para fins medicinais. O produto aprovado é o Canabidiol Active Pharmaceutical (20 mg/ml).
Ainda de acordo com o órgão, o produto será fabricado no Canadá e seguirá para ser comercializado no Brasil em forma de solução. Em sua composição, contará com 20 mg/ml do canabidiol (CBD). É por esta razão que o curso de cannabis medicinal tem sido procurado por diversos médicos que optam por se especializar sobre o assunto, a fim de que seus pacientes encontrem mais conforto em alguma enfermidade.
O uso do medicamento está atrelado ao combate de algumas doenças como a TAG (Transtorno Generalizado de Ansiedade). Seu uso também está associado à utilização terapêutica em casos de outras doenças psiquiátricas e também neurodegenerativas. Entre elas estão a esclerose múltipla, esquizofrenia, parkinson e outros.
Com a aprovação, tornou-se possível comercializar o produto em farmácias e drogarias. No entanto, para ter acesso ao composto, o paciente deverá apresentar a receita do tipo B, de cor azulada, indicada para medicamentos voltados para uso psicotrópico.
MEDIDA APROVADA É POLÊMICA – Embora a aprovação do órgão seja uma vitória, principalmente para pacientes que precisam do auxílio do medicamento para o combate contra doenças psíquicas e neurodegenerativas, a barreira imposta pelo pré-conceito entre os brasileiros ainda é um fator que preocupa aqueles que podem encontrar no medicamento um alívio para sua doença.
Isso porque a maioria da população brasileira ainda associa o uso da substância Canabidiol ao uso de maconha. Entretanto, enquanto o primeiro é uma droga com fim de tratamento, o segundo é utilizado como meio recreativo por outra parcela dos cidadãos.
No entanto, estudos associados à área científica já desmistificam que o uso do Canabidiol seja nocivo para os pacientes acometidos por determinadas doenças. Sua eficácia é comprovada em diversos cenários como, por exemplo, o combate à epilepsia.
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PANDEMIA AGRAVOU CASOS DE SAÚDE MENTAL – Em razão das restrições e confinamento gerados pela pandemia da Covid-19 que assolou todo o mundo e agravou diversos quadros relacionados à saúde mental. Um ganho dos entusiastas e defensores da cannabis para fins medicinais neste sentido é que o composto químico ganhou mais notoriedade e foi mais buscado por pacientes que buscavam por soluções mais assertivas para combater certos quadros psiquiátricos.
Quem endossa a fala é a neurocirurgiã Patricia Montagner, em entrevista para a Veja de São Paulo: “O uso aumentou muito na pandemia. Essa planta representa um cenário farmacológico complexo e cheio de potenciais. Mas a ciência em torno dela ainda é insuficiente, principalmente devido ao preconceito”, explicou a médica.
O tema também é discutido pela comunidade médica, onde alguns profissionais ainda resistem em reconhecer o valor da substância mesmo com estudos acadêmicos que indiquem os benefícios de seu uso.
EFICIÊNCIA DO COMPOSTO – Quem aponta os benefícios no uso da cannabis para fins medicinais são especialistas em diversas áreas médicas, principalmente da neuromedicina e da neuropsiquiatria. O tratamento se mostrou eficaz e não demonstrou efeitos adversos em pacientes com epilepsia. Os autores do estudo são profissionais renomados que fazem parte do Conselho Federal de Medicina. Ainda de acordo com o estudo, os pacientes submetidos ao uso do composto não sofreram nenhum tipo de efeito colateral em razão do uso do medicamento.
O medicamento, que tem como base o canabidiol, se mostrou mais eficaz até que alguns remédios específicos para o tratamento de pessoas que sofrem de epilepsia. O artigo ainda cita outros estudos realizados em diferentes partes do mundo que corroboram os resultados obtidos em um primeiro momento.
Alguns profissionais da área da saúde ainda ignoram os bons resultados obtidos através dos estudos que confirmam sua eficácia. Novamente, a premissa passa pela resistência cultural em entender a diferença da cannabis para fins medicinais. Neste cenário, existem diversos programas de especialização voltados para profissionais da saúde que desejam encontrar alternativas para aliviar o sofrimento de pacientes e que podem fazer bom uso do medicamento.
Enquanto alguns ainda lutam pelo uso da maconha como forma recreativa, a discussão sobre o uso da Cannabis para fim medicinal trata sobre outro tema e outras finalidades. No entanto, são poucas as pessoas e profissionais que percebem essa diferença, que não é nada sutil.
A planta que contém as substâncias químicas já se mostrou eficaz no alívio de dores, redução de inflamações, doenças inflamatórias intestinais, dores crônicas, dentre outros. Por esta razão, defensores e entusiastas da pauta clamam por uma maior ampliação do debate para que remédios à base de canabidiol sejam liberados no Brasil.
No entanto, o cenário ainda parece desanimador quando o assunto permeia uma nova educação no tema que permeia o assunto. Isso porque os contrários à causa ainda defendem que não existe segurança o suficiente para que o remédio seja utilizado, mesmo que estudos provem exatamente o contrário.
APROVAÇÃO DA ANVISA É UM GANHO DA CAUSA – Embora a discussão ainda exista, a aprovação da Anvisa é um dos primeiros passos para um novo horizonte para pessoas acometidas por doenças que podem ser aliviadas com o uso da cannabis medicinal. No entanto, ainda existe muito chão a ser trilhado, conforme diversos pacientes e profissionais da área da saúde que relatam a pouca assistência e compreensão quando tocam no tema.