A malha rodoviária brasileiras, de forma geral, está com 67,5% da sua extensão classificada como regular, ruim ou péssimo e 32,5% classificada como ótimo ou bom, segundo a Pesquisa CNT de Rodovias 2023, divulgada ontem (29), pela Confederação Nacional do Transporte. A entidade entende que há uma estabilidade diante do cenário de 2022, quando havia 66% de trechos regulares, ruins e péssimos e 34%, de ótimos ou bons.
A pesquisa mostra que Mato Grosso é o estado da região Centro-Oeste com o maior índice de problemas na malha rodoviária pavimentada com 75,9% da sua extensão considerada regular, ruim ou péssima, enquanto 24,1% da malha é considerada ótima ou boa.
Mato Grosso, que é o maior produtor de grãos, algodão e detentor do maior rebanho bovino do país, tem o escoamento agropecuário 100% realizado pelo modal rodoviário.
No Centro-Oeste o estado geral aponta problemas em 63,6% da malha. Em Goiás são 59,1%, no Mato Grosso do Sul são 56,2% e no Distrito Federal, 54,4%. No país, o índice é de 67,5%.
Conforme a pesquisa, são necessários investimentos da ordem de R$ 3,48 bilhões para recuperar as rodovias estaduais, com ações emergenciais (reconstrução e restauração) e de manutenção. Do total de recursos autorizados pelo governo federal para a infraestrutura rodoviária em Mato Grosso, em 2023 (R$ 394,05 milhões), foram investidos R$ 25,06 milhões até setembro (6,4%).
Esta é a 26ª pesquisa, considerada o maior estudo sobre infraestrutura rodoviária no Brasil. O levantamento deste ano avaliou 111.502 quilômetros de rodovias pavimentadas, o que corresponde a 67.659 quilômetros da malha federal (BRs) e a 43.843 quilômetros dos principais trechos estaduais, incluindo vias concedidas e não concedidas.
Em 2023, a pesquisa estimou que o aumento do custo operacional do transporte rodoviário de cargas, em decorrência da má conservação do pavimento das rodovias no Brasil, foi de 32,7%. O percentual ficou levemente abaixo do registrado no ano passado: 33,1%.
Porém, os investimentos em infraestruturas, no PLOA 2024 (Projeto de Lei Orçamentária Anual de 2024), sofreram uma redução de 4,5% no volume de recursos para o setor em relação ao autorizado no Orçamento para infraestrutura de transporte em 2023.
Diante desse cenário, a CNT trabalha para viabilizar um aumento na dotação, por meio de emendas para intervenções prioritárias em 2024, em consonância com as prioridades do transporte e da logística do país.
PÚBLICO X PRIVADO – Ao analisar o resultado da pesquisa quanto ao estado geral das rodovias por tipo de gestão pública e privada, percebe-se que as públicas (que representam 76,6% da extensão pesquisada neste ano) apresentam percentuais maiores de avaliações negativas: regular, ruim e péssimo. Essas más condições correspondem a 77,1%.
Por outro lado, nas rodovias concessionadas (que representam 23,4% da extensão pesquisada em 2023), os altos percentuais para o estado geral remetem a uma situação oposta, ou seja, a bons resultados. De acordo com a pesquisa, 64,1% da extensão da malha concedida, avaliada pelo levantamento nessa característica, foram classificados como bom e ótimo.
“A diferença nos resultados de classificação do Estado Geral para as malhas públicas e privadas evidencia como cada gestão trabalha o investimento nas rodovias. Enquanto as concessões estão sob o cumprimento de obrigações contratuais estabelecidas por parte dos agentes reguladores, o volume de investimentos por parte da gestão pública depende de agenda orçamentária e de prioridades estabelecidas pelo gestor”, comentou o diretor executivo da CNT, Bruno Batista.
O Novo PAC prevê R$ 185,80 bilhões em investimentos para o modo rodoviário, dos quais R$ 112,8 bilhões são da iniciativa privada (60,7%) e R$ 73 bilhões do governo federal (39,3%). Essa realidade demonstra uma recuperação da capacidade de investir com duas frentes, via Estado e/ou por meio de relações de colaboração com a iniciativa privada, contemplando concessões e parcerias.