O custo dos alimentos básicos para os brasileiros diminuiu em 15 capitais e aumentou em outras 12, de acordo com a Análise Mensal da Cesta Básica de Alimentos, pesquisa lançada ontem (20) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o qual é o executor do levantamento.
O levantamento mostra que São Paulo foi a capital onde o conjunto dos alimentos básicos apresentou o maior custo (R$ 865,90), seguida por Florianópolis (R$ 844,89), Porto Alegre (R$ 830,41), Rio de Janeiro (R$ 823,59) e Cuiabá (R$ 813,48).
De acordo com a pesquisa, a queda foi puxada pelo menor preço do arroz, carne bovina, açúcar e feijão. Nas cidades do Norte e do Nordeste, onde a composição da cesta é diferente, os menores valores médios foram observados em Aracaju (R$ 568,52), Maceió (R$ 621,74), Salvador (R$ 635,08) e Porto Velho (R$ 636,69).
A participação da Conab na pesquisa é resultado da parceria entre as instituições e possibilita ao Dieese ampliar a coleta de preços de alimentos básicos de 17 para 27 capitais brasileiras. Agora, em Boa Vista (RR), Cuiabá (MT), Macapá (AP), Maceió (AL), Manaus (AM), Palmas (TO), Rio Branco (AC), São Luís (MA), Teresina (PI) e Porto Velho (RO) os preços da cesta básica de alimentos passa a ser o monitorado, cobrindo, assim, todo o território nacional.
O anúncio da parceria entre Conab e Diesse e a apresentação dos dados desse primeiro estudo foi realizado ontem, como evento nacional no auditório da Conab, em Brasília (DF), e simultaneamente, nas 10 capitais que passam a ser incluídas nessa análise a partir de agora.
“Estamos fazendo aqui uma reparação histórica também. Dez estados importantes da federação, especialmente do Norte e Nordeste, que não tinham um levantamento do custo dos produtos que vai para a mesa da população, agora eles têm. Isso dá possibilidade para o Governo Federal se antecipar na formação de políticas públicas”, destacou o presidente da Conab, Edegar Pretto.
O acompanhamento dos preços da cesta básica de alimentos é uma ferramenta importante para se conhecer o custo da alimentação no país. “Com isso também a gente faz um cálculo de quantas horas de trabalho um trabalhador ou uma trabalhadora precisa executar para poder garantir essa cesta. E também a gente calcula o salário mínimo nacional necessário. Então são vários indicadores que apoiam tanto as lutas da classe trabalhadora, mas também as políticas públicas”, ponderou a diretora técnica do Dieese, Adriana Marcolino.
Presente no evento de lançamento da parceria entre Conab e Dieese, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Paulo Teixeira, reforçou a importância da ampliação do monitoramento dos preços dos alimentos que compõem a cesta. “O índice passa a ser mais abrangente. Isso vai dar uma análise mais fina para as políticas públicas de como estão se comportando os alimentos no Brasil. É como na medicina, você vai melhorando os instrumentos e vai conhecendo mais os problemas de saúde da nossa população. Aqui também nós estamos melhorando os instrumentos”, comentou ele.
A conselheira do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), representando a presidência do Conselho, Inês Rugani, corroborou a importância da parceria entre Dieese e Conab, assim como a ampliação da pesquisa. “Esse processo supera uma lacuna importante desse monitoramento. A informação oportuna e de boa qualidade ela não é importante só para qualificar políticas públicas mais efetivas. Ela é fundamental para a democracia, para a participação e para o controle social”, explicou.
AMPLIAÇÃO DOS PRODUTOS – De acordo com o diretor de Política Agrícola e Informações da Companhia, Silvio Porto, essa parceria é um primeiro passo para a implementação do Decreto 11.936 de 2024, que institui a composição da nova cesta básica de alimentos. “Nós estamos com uma grande expectativa que até outubro tenhamos a nova cesta básica definida, porque esperamos que a partir de janeiro nós já possamos fazer esse levantamento com mais alimentos monitorados, saindo de 12 ou 13 para 35 produtos, incluindo 5 produtos ultraprocessados que a gente quer acompanhar como uma forma de comparação, de marcador”, detalhou Porto.
Neste primeiro ano, o investimento pela parceria é de R$ 2,5 milhões, que permite a ampliação do escopo do monitoramento feito pelo Dieese, ao mesmo tempo que possibilita à Conab uma análise agregada do custo da cesta básica em sua totalidade. O contrato tem validade até março de 2026, podendo ser prorrogado conforme as diretrizes do Regulamento de Licitações e Contratos da Conab (RLC).
Quer acompanhar as principais notícias de Economia, Política e Negócios de Mato Grosso? Clique aqui e entre no grupo