Tanto a recuperação judicial quanto a extrajudicial, como acaba de anunciar o Grupo Casas Bahia, são dois instrumentos legais que buscam a recuperação econômica e financeira das empresas. Mais uma grande varejista brasileira surpreendeu o mercado com pedido de recuperação e teve, na última segunda-feira (29), seu pedido aceito pela justiça de São Paulo. A empresa entrou com o pedido para dívidas que somam R$ 4,1 bilhões.
Em Mato Grosso, desde 2007, quando foi aberta a primeira filial no estado, são quase 20 unidades, a maior parte concentra em Cuiabá e Várzea Grande e o restante no interior.
Com investimentos de R$ 10 milhões a primeira loja foi aberta no Shopping Três Américas, na sequencia foram inauguradas no Shopping Pantanal, Várzea Grande, na rua 13 de Junho, e em Rondonópolis. Até 2007, Mato Grosso era o único estado do Centro-Oeste que ainda não tinha lojas da rede.
Para a aposentada Diva Souza Mendes, 79 anos, o pedido de recuperação surpreendeu. “Eu não estava entendendo se ia fechar, falir. Meu filho me explicou e eu fiquei até triste. Estamos em Mato Grosso há 40 anos, mas desde sempre me lembro de ter carnê das Casas Bahia. Vim do estado de São Paulo, fiquei um tempo em Campo Grande e já conhecia a rede. Demorou para vir para Mato Grosso e lembro que fui na primeira semana, quando abriram a loja do Coxipó. Comprei uma estante linda”, conta.
Ainda segundo a aposentada, muitas lojas que fizeram parte de sua vida “passaram a ficar mal das pernas e pra gente que não entende nada de mercado, a informação que chega assusta”.
Conforme decisão do juiz Jomar Juarez Amorim, da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do TJ-SP, está suspenso, pelo prazo de 180 dias, todas as execuções contra a varejista movidas por credores sujeitos ao plano de recuperação.
A solicitação em questão já foi pré-acordada com os principais credores, que detêm 54,5% dos débitos. O total renegociado tinha custo médio de CDI + 2,7% e um prazo de 22 meses. Atualmente, esse custo já está em CDI + 1,2% com um prazo de 72 meses.
Com base nos cálculos realizados pela própria companhia, o novo perfil da dívida preserva R$ 4,3 bilhões de caixa até 2027. Apenas em 2024, R$ 1,5 bilhão foi “salvo”.
ANÁLISE – Dados da Serasa Experian mostram que, no Brasil, em 2024, os pedidos de recuperação judicial (RJs) tiveram a maior alta em 8 anos, puxados por agro e comércio. No acumulado do primeiro trimestre deste ano, o avanço foi de 73,4%, o maior para o período desde 2016. Somente em março, foram 183 pedidos, um crescimento de 94,7% em comparação ao ano passado, e de 8,3% em relação a fevereiro deste ano. Já em 12 meses, o aumento dos pedidos de RJs foi de 73,3%, o 15º aumento seguido.
“Isso deve permanecer, infelizmente, não havendo perspectiva de melhora em curto prazo, devido ao patamar ainda muito elevado de inadimplência das empresas. Ao longo do ano passado, o número de pedido de recuperação judicial no Brasil teve uma alta de 68,7%, com 1.405 empresas recorrendo à recuperação judicial, sendo 135 grandes empresas, 331 de médio porte e 939 micros e pequenas empresas”, avalia Eduardo Bazani é sócio-diretor da Nordex Consultoria Empresarial.
Em São Paulo, estado economicamente mais importante do País, os pedidos de recuperação judicial também vêm crescendo. Do período de janeiro a dezembro de 2023, o número de recuperação judicial requerida por empresas foi de 505 contra 288 em 2022.
A crise econômica, agravada com a chegada da Covid 19, e alguns outros fatores mercadológicos e administrativos justificam o aumento do número de pedidos de recuperação judicial no País. A pandemia, que remodelou o mercado, e as taxas de juros altas, persistentes por longo período, trouxeram a necessidade de uma nova habilidade aos gestores para o enfrentamento de crises. Grande número de empresas, que era gerida em mar mais calmo, não conseguiu manter o negócio no ambiente de turbulência, deixando de tomar medidas importantes e doloridas.
Para enfrentar essa situação de crise, a restruturação empresarial é fundamental. A consultoria de turnaround exerce um papel fundamental para a recuperação e saúde financeira da empresa, pois é ela quem dá um toque na recuperação judicial. A Assessoria Jurídica especializada em direito empresarial e a Consultoria de Turnaround serão responsáveis por todas as etapas do processo, desde a preparação para ingressar com o pedido de recuperação judicial. O diferencial da consultoria em reestruturação é fazer o diagnóstico profundo na busca de soluções, detectando o motivo da empresa estar em crise, o tamanho e como estancá-la.
Nesse sentido, o melhor dos cenários é implementar medidas e ações para prevenir a crise, ou seja, adotar a reestruturação empresarial como papel estratégico para promover a modernização do negócio, proporcionar eficiência na gestão e no mercado de atuação, visando aumentar lucros e diminuir gastos. Enfim, é uma estratégia para reorganizar a empresa, aplicar medidas preventivas e corretivas, a fim de causar melhorias em todos os setores, evitando crises.
VEJA AQUI MAIS NOTÍCIAS DE ECONOMIA E COMÉRCIO