De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o Brasil bateu recorde desde que a série história começou em 2011.
Cerca de 56% dos brasileiros dizem acreditar que esse ano estarão menos endividados, de acordo uma pesquisa feita pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Apesar da expectativa positiva, para conseguir tal feito, muitos terão de reavaliar seus gastos, pois de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o Brasil bateu recorde desde que a série história começou em 2011. Em 2022, 77,9% das famílias estavam endividadas, crescimento de 7% se comparado com os números de 2021.
O perfil da maioria dos endividados no Brasil em 2022 era mulher, com ensino médio incompleto, com menos de 35 anos e moradora das regiões Sudeste ou Sul, cuja família recebe até dez salários mínimos.
As facilidades em parcelar uma compra, as ofertas que aparecem no celular com frequência e até mesmo a comodidade de efetuar uma transação pelo aparelho móvel sem precisar sair de casa, faz com que pequenos gastos se tornem dívidas consideráveis no final do mês.
“Muitos compram pelo impulso, mesmo não precisando, por conta do preço acessível, além de ser muito prático comprar pelo celular, já que a pessoa pode comprar qualquer coisa do sofá de casa mesmo, sem precisar se deslocar até uma loja”, explica o educador financeiro Tiago Cespe.
Uma estratégia para evitar comprar compulsivamente em aplicativos é não entrar neles com frequência e até colocá-los em uma pasta distante da tela principal, para que não fiquem tão visível.
“É necessário também pensar na questão a longo prazo, ou seja, na hora de realizar a compra de um produto é importante imaginar em quais ocasiões a pessoa vai usá-lo, se é urgente ou é possível postergar, se ela vai utilizar aquilo com frequência, enfim, se é uma necessidade ou apenas uma vontade repentina de gastar dinheiro”, pontua Cespe. Outro detalhe importante na hora de pensar em ter controle da vida financeira é a questão do salário.
Existe uma máxima que diz que o importante não é o quanto uma pessoa ganha e sim o quanto ela gasta, ou seja, os gastos devem ter como base o rendimento mensal da pessoa ou da família. “Uma dica é colocar tudo na ponta do lápis, então é importante reservar uma parte para pagar as contas principais como água e luz, separar uma parte e deixar esse dinheiro guardado para emergências e verificar o quanto sobra para gastar com lazer e compras, mas sempre pensando nos gastos com responsabilidade”, afirma o educador financeiro.
DICAS FINANCEIRAS ATRAVÉS DAS REDES SOCIAIS – De fato, a tecnologia facilitou na hora de comprar qualquer produto ou serviço, já que tudo pode ser feito pelo celular. Se por um lado o aparelho facilitou as transações e pode até ser considerado por alguns o responsável pelo aumento nos gastos mensais, é possível utilizar o celular justamente para conseguir ficar longe de dívidas e aprender mais sobre como economizar. “Existem canais que explicam de forma simples e didática sobre dicas financeiras, assim como criadores de conteúdo que falam do assunto em suas redes sociais, então é possível aprender mais sobre como ficar longe de dívidas de uma forma descontraída e fácil”, diz Cespe.
CRÉDITO OU DÉBITO? – Criado nos Estados Unidos nos anos 50, o cartão de crédito rapidamente conquistou os consumidores ao redor do mundo por conta de sua praticidade. Apesar de ser um método de pagamento que facilitou na hora de parcelar o valor das compras, se for utilizado sem responsabilidade, ele pode se tornar um grande vilão e gerar muitas dívidas. “Dívidas parceladas possuem taxas de juros altas, então o ideal é priorizar pagamentos à vista. Se for possível pagar em dinheiro é melhor ainda, já que assim fica mais fácil ter controle sobre os próprios gastos”, finaliza Cespe.
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USO DE CHEQUES – O uso do cheque pelos brasileiros para suas transações financeiras continua em queda no país, como observado ao longo dos últimos anos, e em 2022 registrou novamente redução. No ano passado foram compensados 202,8 milhões de documentos, uma queda de 7,3% em relação ao ano anterior. Na comparação com 1995, início da série histórica, quando foram compensados 3,3 bilhões de cheques, a queda registrada é de 94%. As estatísticas têm como base a Compe – Serviço de Compensação de Cheques.
O avanço dos meios de pagamento digitais, como internet e mobile banking, e a criação do Pix em 2020 são os principais fatores que explicam a significativa redução observada ao longo de cerca de 30 anos no uso do cheque.
“Atualmente, sete em cada dez transações bancárias no país são feitas pelos canais digitais (internet e mobile banking), reflexo da comodidade, velocidade e segurança oferecidas por estes meios de pagamentos. Soma-se a isso também o Pix, que ao longo de dois anos de funcionamento, se consolidou como o meio de pagamento mais utilizado pelos brasileiros“, afirma Walter Faria, diretor-adjunto de Serviços da Febraban.
Apesar da redução do número dos cheques compensados em 2022, o total do volume financeiro dos documentos permaneceu estável passando de R$ 667 bilhões em 2021 para R$ 666,8 bilhões no ano passado.
O levantamento também mostrou que o valor médio do cheque aumentou de 2021 para 2022 passou de R$ 3.046,52 para R$ 3.257,88. “Os números mostram que a população está usando o cheque para transações de maior valor, enquanto o Pix é utilizado como meio de pagamento para transações de menor valor, como por exemplo, em compras com profissionais autônomos, e também para acertar pequenos débitos familiares ou entre amigos”, avalia Walter Faria, diretor-adjunto de Serviços da Febraban.