Pode ter chegado ao fim o período de baixas sobre os preços de bomba de gasolina, etanol, diesel e até mesmo do gás de cozinha. Atendendo ao pedido do presidente eleito Lula, a equipe econômica do presidente Jair Bolsonaro não reeditou Medida Provisória prorrogando a isenção de PIS e Cofins sobre combustíveis. Como a MP perde a validade na virada do ano, de agora em diante, com a renovação dos estoques ao longo da primeira semana de 2023, os novos valores chegarão ao consumidor final, podendo se aproximar de até R$ 0,70 por litro da gasolina.
Mato-grossenses acostumados com a gasolina abaixo de R$ 5, poderão mudar o novo hábito e migrar para o etanol, porém, o combustível entra em um período de entressafra, que mesmo tendo oferta contínua – via produção a partir do milho – sofre uma pressão do mercado e deve apontar nas bombas não apenas a reincidência dos impostos federais como a própria autorregulação, em razão da oferta e demanda e também podem aumentar. Em resumo, os proprietários de veículos pagarão mais para se locomover a partir de 2023.
Na reta final do ano, conforme levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), os preços médios do etanol hidratado caíram em 12 Estados e no Distrito Federal, subiram em outros 11 e ficaram estáveis em dois. Mato Grosso se destaca por apresentar novamente o menor preço médio estadual ao litro: de R$ 3,59.
Nos postos pesquisados pela ANP em todo o país, o preço médio do etanol caiu 0,26% na variação semanal, de R$ 3,82 para R$ 3,81 o litro.
Em São Paulo, principal estado produtor, consumidor e com mais postos avaliados, a cotação média ficou estável na semana, ficando em R$ 3,72. O Espírito Santo registrou a maior queda porcentual de preços na semana, de 3,37%, de R$ 4,45 para R$ 4,30. Já Sergipe foi o estado com o maior avanço de preços na semana, de 4,46%, de R$ 3,59 para R$ 3,75 o litro.
O levantamento do Índice de Preços Ticket Log (IPTL), aponta que, após baixar pelo quinto mês consecutivo, o valor médio da gasolina está mais vantajoso para as viagens de fim de ano do brasileiro. Em comparação com o mês de novembro, o combustível está 1,06% mais barato, sendo encontrado nos postos a R$ 5,27. Desde a primeira redução, no mês de julho, quando a média era de R$ 6,50, a queda já alcançou 19%. Já o etanol apresentou alta em dezembro, encerrando o período com o preço médio de R$ 4,31, um incremento de 0,61% ante o mês anterior.
“Ainda que o etanol esteja 22% mais barato que a gasolina, quando analisamos o custo por quilômetro rodado, este último segue sendo mais vantajoso em todos os Estados do Brasil, com exceção de Mato Grosso, onde o etanol custa R$ 0,45 por quilômetro, enquanto a gasolina sai por R$ 0,47, considerando desempenhos médios de 8,5 km/L para etanol e 11,5 km/L para gasolina”, comenta Douglas Pina, diretor-geral de Mobilidade da Edenred Brasil.
IMPACTO – A volta de tributos federais sobre combustíveis pode elevar em até R$ 0,69 o preço da gasolina por litro já nos primeiros dias do novo ano. O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não pretende prorrogar o corte dos impostos federais sobre combustíveis.
Sancionada em março pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a desoneração foi responsável por ajudar a conter o preço da gasolina, mas tem validade até hoje, dia 31 de dezembro. Como a medida provisória não foi reeditada, o preço da gasolina, do diesel, do etanol e do gás de cozinha sofrerá alta ao longo da primeira semana do ano novo, na medida em que os estoques foram repostos.
“Por determinação do novo governo, nós não pudemos editar uma medida provisória prorrogando a isenção de PIS e Cofins sobre combustíveis. Lula optou para que, no dia 1º, o preço da gasolina, diesel e etanol aumentem. É uma escolha do novo governo, que optou por um modelo de mais gasto público. É a PEC da gastança. Como gasta muito, tem que arrecadar muito”, afirmou o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida.
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Segundo ele, além da gasolina, o preço do diesel e do etanol também podem sofrer aumento de R$ 0,33 e 0,24, respectivamente. “É um motorista, é o caminhoneiro, é a dona de casa, cada um pagando mais impostos. Já começa a pagar mais caro pelo combustível para quê? Para financiar a gastança do governo federal. É triste isso”, completou.
Durante a campanha deste ano, Bolsonaro havia sinalizado que tinha intenção de desonerar os impostos dos combustíveis até o fim de 2023.
SEM DEFINIÇÃO – O futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que pretende discutir com Lula a possibilidade de prorrogar a validade da isenção do PIS e Cofins dos combustíveis.
O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Campinas e Região (Recap) enviou comunicado aos revendedores na quarta-feira (28) em que analisa o impacto da decisão do novo governo sobre o comércio de combustíveis. Se mantida a medida que prevê o fim da isenção de impostos federais e taxas, além do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), segundo o sindicato, haverá elevação dos custos para os consumidores.
O comunicado, assinado pelo presidente da entidade, Emílio Martins, leva em consideração a decisão de que não será tomada, de forma imediata, nenhuma medida para a prorrogação da redução dos valores dos tributos federais a partir de 1º de janeiro. Com isso, “todos os combustíveis estarão com seus preços majorados, em função do retorno desses tributos na composição dos custos de aquisição”.
Em 2022 o MT Econômico noticiou cada movimento de alta e baixa dos combustíveis. Continue acompanhando que em 2023, continuaremos trazendo essas informações importantes que impactam o bolso dos mato-grossenses e de todos brasileiros.