O potencial de consumo da população mato-grossense deve crescer 9,2% em 2022 em relação ao consolidado em 2021, passando de R$ 87,9 bilhões para estimados R$ 96 bilhões. No País, o consumo das famílias deve movimentar cerca de R$ 5,6 trilhões, o que representa um aumento real de apenas 0,92% em relação a 2021, a uma taxa positiva de 0,42% do PIB. A estimativa é do estudo IPC Maps 2022, especializado há quase 30 anos no cálculo de índices de potencial de consumo nacional, com base em dados oficiais.
O crescimento projetado para Mato Grosso se dará sobre uma base empresarial menor, na mesma comparação anual. Conforme o IPC Maps 2022, o número de empresas ativas no Estado retraiu 3,2%, com o número de estabelecimentos passando de 396 mil para 384 mil.
Dos R$ 96 bilhões estimados em consumo, R$ 85,38 bilhões virão da população urbana e R$ 10,59 bilhões da rural. Ainda considerando o total de gastos, 38,4% serão reflexo do consumo da classe ‘B’, e outros 37,8% da classe ‘C’. A população mato-grossense soma 3.607.394 habitantes, com faixa de consumo concentrada entre 30 e 49 anos.
Ainda dentro do perfil traçado pelo estudo, grande parte da estimativa de consumo será consolidada nos seguintes segmentos, pela ordem: habitação com R$ 19,13 bilhões, carro próprio com R$ 14 bilhões, alimentação em domicílio com R$ 7,53 bilhões, alimentação fora do domicílio com R$ 5,19 bilhões, materiais de construção R$ 3,04 bilhões, medicamentos R$ 2,86 bilhões, higiene pessoal R$ 2,85 bilhões, vestuário confeccionado R$ 2,60 bilhões e planos de saúde e tratamento médico com R$ 2,46 bilhões.
DESTAQUES – A maior fatia de consumo virá da população cuiabana. A Capital vai movimentar R$ 20,44 bilhões. Segue como líder em consumo no Estado e na comparação anual passa da 38ª posição no ranking nacional para a 35ª em 2022.
Na sequência estão: Várzea Grande R$ 7,64 bilhões, Rondonópolis R$ 6,51 bilhões, Sinop R$ 5,03 bilhões e Sorriso R$ 3,38 bilhões. No último lugar do ranking estadual está Araguainha com R$ 25 milhões.
NO PAÍS – O crescimento do consumo nacional abaixo de 1%, segundo Marcos Pazzini, sócio da IPC Marketing Editora e responsável pela pesquisa, é reflexo da lenta recuperação pós-crise pandêmica agravada pelo atual cenário de confronto entre Rússia e Ucrânia, na Europa.
Diante disso, o levantamento mostra como o perfil empresarial brasileiro foi afetado, com o fechamento de mais de 1,1 milhão de empresas de 2021 para cá.
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Outro destaque é a região Nordeste, que recupera a vice-liderança no ranking de consumo entre as regiões brasileiras. Para Pazzini, “a volta de turistas, tanto brasileiros quanto estrangeiros à localidade, bem como a injeção pelo governo federal do auxílio emergencial em paralelo com outros programas sociais”, podem explicar tal vantagem em relação à economia do Sul que, após inúmeros problemas relacionados à seca, cai para a terceira posição.
Nesse contexto, as 27 capitais, embora com perdas em relação a 2021, aparecem respondendo por 29,07% do total de gastos no País, enquanto o interior mantém sua participação no consumo em 54,9% até o final deste ano.
Essa edição aponta, ainda, para uma nova tendência no comportamento do consumidor, que passa a gastar mais com veículo próprio em detrimento até das despesas com alimentação e bebidas no domicílio. “Como na pandemia muitas indústrias pararam de produzir, principalmente autopeças eletrônicas, as empresas tiveram de prolongar os prazos de entrega e reajustar seus valores. Enquanto isso, crescia a demanda por transportes via aplicativos e deliveries, tanto pelo consumidor — que passou a usar mais esses serviços —, quanto pelos trabalhadores — que viram nesse segmento uma oportunidade de compensar a perda do emprego ou de parte do seu salário, ou ainda, de ter uma renda extra”, avalia o diretor do IPC Maps.
PERFIL BÁSICO – O Brasil possui cerca de 215 milhões de cidadãos. Destes, 182,2 milhões moram na área urbana e são responsáveis pelo consumo per capita de R$ 28,70, contra R$ 12,61 gastos individualmente pela população rural.
BASE CONSUMIDORA — Tradicionalmente, a classe B2 lidera o panorama econômico, representando cerca de R$ 1,2 trilhão dos gastos. Junto à B1, pertencem a 20,8% dos domicílios, assumindo 38,8% (mais de R$ 2 trilhões) de tudo que será desembolsado pelas famílias brasileiras. Presentes em quase metade das residências (47,9%), C1 e C2 totalizam R$ 1,9 trilhão (36,4%) dos recursos gastos. Já o grupo D/E, que ocupa 28,8% das moradias, consome cerca de R$ 557,8 bilhões (10,7%). Embora em menor quantidade (apenas 2,5% das famílias), a classe A vem, cada vez mais, se distanciando socialmente dos menos favorecidos e ampliando sua movimentação para aproximadamente R$ 740 bilhões (14,1%).
Já na área rural, o montante de potencial de consumo esperado é de R$ 411,7 bilhões (7,3% do total) para este ano.
CENÁRIO REGIONAL – Com uma pequena contenção, o Sudeste continua liderando o ranking das regiões, respondendo por 49% do consumo nacional. Como já mencionado, o Nordeste volta a ocupar o segundo lugar no ranking das regiões, ampliando sua representatividade para 18,2%. Já, a região Sul que, havia crescido na pandemia, regrediu para 17,9%. Assim como no ano passado, o quarto lugar segue ocupado pelo Centro-Oeste, reduzindo sua fatia para 8,5%, e por último, vem a região Norte, que amplia sua atuação para 6%.
Mercados potenciais – O desempenho dos 50 maiores municípios brasileiros equivale a R$ 2,2 trilhões, ou 39,5% de tudo o que é consumido no território nacional.
De 2021 para 2022, os 12 principais mercados se mantiveram em suas posições, sendo, em ordem decrescente: São Paulo/SP, Rio de Janeiro/RJ, Brasília/DF, Belo Horizonte/MG, Salvador/BA, Curitiba/PR, Fortaleza/CE, Porto Alegre/RS, Goiânia/GO, Manaus/AM, Campinas/SP e Recife/PE.
Outras capitais, como Belém/PA (13º), Campo Grande/MS (16º) e São Luís/MA (20º) também se sobressaem nessa seleção, bem como as seguintes cidades metropolitanas ou interioranas: Guarulhos (14º), São Bernardo do Campo (15º), Ribeirão Preto (18º) e Santo André (19º), no Estado de São Paulo e São Gonçalo (17º) e Duque de Caxias (28º), no Rio de Janeiro.
PERFIL EMPRESARIAL – Em termos de quantidade de empresas, de 2021 para 2022, houve uma retenção de 5,4%, totalizando 21.127.759 unidades instaladas hoje no Brasil. Na análise por natureza jurídica, conforme o estudo, os segmentos de Sociedades Limitadas (Ltdas.) e Anônimas (S/As) foram os que, percentualmente, mais fecharam as portas (11,2%), seguidos por Microempreendedores Individuais (MEIs), com 7,2%. “Os altos impostos associados à proliferação de MEIs e ao baixo teto de faturamento contribuíram para o encerramento dessas atividades”, afirma Marcos Pazzini.
Já, do ponto de vista quantitativo, foram fechadas 1.199.469 empresas. Destas, 1.026.570 eram MEIs, o que evidencia a ocorrência do declínio empresarial especialmente na faixa de faturamento mais baixo.
Dentre as companhias atualmente ativas, quase metade (11,6 milhões) tem atividades relacionadas a Serviços, seguida pelos segmentos de Comércio, com 5,4 milhões e Indústrias, 3,4 milhões. Já Agribusiness, o único setor em crescimento, conta com mais de 764 mil estabelecimentos.
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