Tornar-se dono de uma microfranquia pode caber no seu bolso. Diversos modelos facilitadores estão disponíveis no mercado.
É possível investir R$ 141 por mês, durante cinco anos, e se tornar dono de uma microfranquia. É uma proposta tentadora para qualquer pessoa que deseja começar a empreender. Parece uma compra no varejo, mas é a nova tendência observada no mercado de franchising brasileiro.
Na rede de ensino de inglês e espanhol Park Idiomas, o modelo funciona como chamarisco de expansão, já com o foco no ex-microfranqueado. “A real intenção é que esse microfranqueado cresça na rede, crie uma rede de alunos e ganhe confiança para dar um passo maior [para o modelo de negócio tradicional]”, explica o presidente Eduardo Pacheco.
Honradas as 60 parcelas, o modelo de microfranquia do curso de idiomas totaliza um investimento inicial de R$ 8,5 mil, montante nada atrativo na ótica de qualquer franqueadora. No entanto, metade das atuais 44 franquias tradicionais tem donos que começaram pelo modelo enxuto, numa abordagem clara de expansão no longo prazo. "Criamos uma forma de dar oportunidade para aquele professor que tem o sonho de ter uma escola, mas ainda não tem condição financeira para abrí-la. Damos treinamento comercial e pedagógico, sempre visando a relação final de ganha-ganha", completa Pacheco.
Bruno Bacchin, de 31 anos, é um dos 192 microfranqueados que está trilhando o caminho proposto pela franqueadora. Formado em relações públicas, ele é ex-aluno do curso e hoje tem seus próprios 110 alunos. "Optei por não dar aula e só ficar com a gestão comercial. Faço a parte de captação de clientes e os repasso aos outros microfranqueados (…) cada um traça a melhor estratégia", diz ele, que planeja abrir em breve a própria escola. "Estou me vendo chegando nesse ponto…já são mais de cem alunos".
A Única Asfaltos, negócio em que o franqueado produz e vende o afalto a partir de uma mini-usina, tem um investimento que ultrapassa o teto balizador de microfranquias (R$ 80 mil) em mais de três vezes. O público investidor é mais capitalizado, mas o parcelamento de 50% do aporte total de R$ 269 mil vem dando certo.
Leoardo Coelho, diretor de expansão da rede, conta que nos últimos tempos a opção de parcelamento vem sendo a escolha de 95% dos novos franqueados. "Decidimos tentar dessa forma porque percebemos uma descapitalização do brasileiro mais ou menos na metade de 2015", diz.
O executivo conta que foi preciso repensar o modelo por conta de pessoas com um perfil altamente empreendedor, mas que não dispunham do o dinheiro total para investir. "Perdi cerca de cinco perfis excelentes por conta de o banco não aprovar o crédito necessário", conta Coelho.
Outra rede que opta pelo parcelamento como forma facilitadora de tornar a franquia possível é a Outer Shoes, loja de calçados alternativos. Com investimento na casa dos R$330mil, apenas R$40mil – referentes à taxa de franquia – são parcelados. "A taxa de franquia é pago em duas parcelas: uma na assinatura do pré-contrato e outra na assinatura do contrato", afirma firma Filipe Lamim, diretor de expansão, explicando que o restante faz parte do custo com fornecedores.
Lamim acha que é positiva a criação de alternativas no intuito de viabilizar o negócio para o franqueado, mas prefere uma abordagem mais conservadora para manter o padrão do modelo que vem dando certo. "Temos o pé no chão. A gente acha que do jeito que está é justo e funciona bem. Mexer no modelo é algo que precisa ser muito bem pensada (…) quando você mexe no custo, você criou um novo negócio", afirma.
A interferência de maior peso na Outer Shoes vem na negociação com shoppings e centros comerciais. No atual momento de desaquecimento da economia, o diretor da marca conta que abre-se margem para baixar ou, em alguns casos, até isentar o franqueado do valor das luvas. "Acompanhamos o franqueado durante toda a negociação, visto que acreditamos que o momento é bom para conseguir esse tipo de condição usando a força de uma marca consolidada".