O dólar americano fechou o primeiro semestre de 2024 com média de R$ 5,5883 para venda, valorização esse ano de 15,14%. São diretamente responsáveis por essa alta o patamar em que se encontra as taxas de juros norte-americana (lembrando que, no começo do ano, o mercado acreditava em três cortes e que ainda não há definição pelo FeD de quando começará a ser reduzido) e o risco fiscal brasileiro, na medida em que o governo tenta de todas as formas só aumentar a arrecadação e falha em cortar despesas, pontua Elson Gusmão, diretor de Câmbio da Ourominas.
“No Brasil, teremos uma agenda fraca de indicadores essa semana e nos EUA o mercado fechará mais cedo na quarta e não funcionará na quinta, devido ao feriado de 4 de julho, Dia da Independência Norte-americana. Por lá, sairão e terão uma atenção maior do mercado a fala de Jerome Powell e a ata da última reunião do FOMC, na terça-feira, e o Payroll na sexta-feira. Mesmo com o PCE vindo dentro das expectativas, as falas dos FED boys têm equilibrado a balança contra um corte na taxa de juros”.
Ontem, em mais um dia de turbulências no mercado interno e externo, o dólar ultrapassou os R$ 5,65 e atingiu o maior nível desde janeiro de 2022. A bolsa de valores subiu, impulsionada por empresas exportadoras.
O dólar comercial encerrou a segunda-feira (1º), vendido a R$ 5,653, com alta de R$ 0,064 (+1,15%). A cotação operou próxima da estabilidade durante a manhã, mas disparou durante a tarde, até fechar na máxima do dia.
A moeda norte-americana está no maior valor desde 10 de janeiro de 2022, quando estava a R$ 5,67. Em 2024, a divisa sobe 16,48%.
O mercado de ações teve um dia de recuperação. O índice Ibovespa, da B3, fechou aos 124.765 pontos, com alta de 0,69%. O indicador beneficiou-se de ações de empresas exportadoras de commodities (bens primários com cotação internacional), cujos preços se valorizaram nesta segunda-feira no exterior.
Tanto fatores domésticos como internacionais pressionaram o mercado nesta segunda-feira. No mercado externo, as taxas dos títulos do Tesouro norte-americano voltaram a subir. Juros altos em economias avançadas estimulam a fuga de capitais de países emergentes, como o Brasil.
Apesar da pressão externa, o dólar fechou relativamente estável em relação às principais moedas internacionais. Os fatores internos pesaram no mercado financeiro, com a queda observada pela manhã decorrendo da venda de dólares de investidores que queriam embolsar lucros.
O mercado financeiro reagiu à piora das expectativas de inflação no boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras feita pelo Banco Central.
Os investidores também reagiram a novas declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o Banco Central (BC). Em entrevista a uma rádio da Bahia, o presidente voltou a criticar o presidente do BC, Roberto Campos Neto. Ele repetiu que os juros atuais, de 10,5% ao ano, são altos e disse que escolherá um presidente para a autarquia que “olhe o país do jeito que ele é, não do jeito que o sistema financeiro fala”.