Os impactos da guerra no Leste europeu, entre Rússia e a Ucrânia e as consequências econômicas no Brasil, em especial em Mato Grosso, foram debatidos pelos membros da diretoria da Associação Comercial e Empresarial de Cuiabá (ACC), em reunião mensal, nessa semana.
Os diretores Antônio Menegassi, Arnaldo Felício, Andrea Tereza de Rezende e Roberto Peron demonstraram preocupação com os impactos do conflito no setor comercial. Todos citaram, por exemplo, que os investimentos, nesse período de guerra, devem ser mais contidos, devido às incertezas econômicas. Os conflitos podem gerar escassez de determinadas commodities e matérias-primas, bem como potencializar a trajetória interna de alta inflacionária. E a inflação é inimiga do poder de compra do consumidor.
Outros assuntos de relevância para o setor também foram discutidos, como a questão dos ambulantes no centro da Capital, consulta pública sobre mudanças na BR-364 entre Rondonópolis e Jataí (GO), legislação, entre outros temas. O encontro aconteceu de forma híbrida, com a presença dos diretores na sede da entidade, no Palácio do Comércio, centro de Cuiabá e de forma remota, por videoconferência.
Para o presidente da ACC, Jonas Alves, é fundamental a diretoria debater esses assuntos que acabam influenciando e tendo impacto na economia, notadamente, no comércio. “Nos reunimos mensalmente para avaliar impactos dos diversos fatores nos negócios”, completou.
O assessor jurídico da entidade, o advogado Rafael Furman, declarou que os contratos devem manter um equilíbrio nesse período, e se colocou à disposição para sanar dúvidas referentes a essa questão.
Além dos citados, participaram da reunião os diretores Manuel Gomes, Raul Homem Moreira de Carvalho, Roque Edu Alves, Robério Tarrago Cademartori e Orivaldo Julio Alves, além do assessor jurídico Rafael Furman; da gerente da ACC, Samanta Fernandes; da executiva da Facmat, Rita Matos e das assessoras de Marketing e Comunicação da ACC, Mariana Pirani e Luciane Mildenberger, respectivamente.
Impacto da Inflação
Diante da crise provocada pela guerra no Leste Europeu, a tendência é que as pressões inflacionárias se mostrem persistentes nos próximos meses, segundo a perspectiva da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). De acordo com análise divulgada pela entidade, as preocupações iniciais do varejo recaem sobre o aumento dos preços dos combustíveis, puxado pela escalada do preço do petróleo. Após o início do conflito, no fim de fevereiro, o mineral chegou a atingir US$ 140/barril, maior cotação em 14 anos.
A inflação já chegou ao bolso dos consumidores. Ontem foi anunciado o reajuste da Petrobras para a gasolina, óleo diesel e gás de cozinha. Imediatamente os preços começaram a ser reajustados pelos comerciantes. Veja mais aqui
A previsão é que o setor supermercadista, o maior do varejo, seja fortemente impactado por pressões de médio prazo, decorrentes dos reajustes em commodities agrícolas e da possível escassez de fertilizantes, produto cujo a Rússia é um dos principais fornecedores. Diante do cenário, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, estima a possibilidade de ajustes na trajetória dos juros básicos da economia. “Há grandes chances de aumento dessas taxas, impactando atividades mais dependentes das condições de crédito”, avalia.
Considerando que o varejo de combustíveis e o setor supermercadista respondem por quase metade (48,5%) das vendas anuais no varejo, a CNC a revisou de +0,9% para +0,5% a previsão de variação do volume de vendas do setor em 2022. O reajuste menos otimista, influenciado pelo novo panorama, ocorre apesar do avanço de 0,8% registrado no mês de janeiro, conforme divulgado na Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
ABAD – Por meio de nota, a Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializado (Abad), vem a público explicar que, em decorrência da guerra atualmente em curso entre Rússia x Ucrânia, as altas de preço no mercado internacional já eram esperadas, dado que a Rússia é o principal exportador de trigo para o mundo e a Ucrânia é o quarto.
“Contudo, vale destacar que eventuais reajustes de preços pela indústria nacional obedecem às políticas comerciais e de importação e dependem de fatores, como estoque de trigo, que variam de empresa para empresa. De nossa parte, podemos dizer que o setor atacadista e distribuidor age com cautela em relação ao repasse de preços e, no momento, não há previsão de que isso aconteça”, frisa a entidade.