“Como elo final da cadeia produtiva, o comércio deve ser duplamente impactado pela retração e mudanças na exportação para os norte-americanos, sofrendo diretamente com a redução nas vendas dessas mercadorias, mas também com a diminuição na geração de emprego e renda das famílias”, afirma a Fecomércio-MT. Para entidade, a taxação de 50% que os EUA devem aplicar ao Brasil sobre diversos produtos brasileiros comercializados com o país norte-americano vão impactar economia local. A medida deve entrar em vigor no próximo dia 6 de agosto.
No plano municipal, o Instituto de Pesquisa da Fecomércio, em Mato Grosso averiguou que algumas cidades apresentam maior vulnerabilidade. Chapada dos Guimarães e Vila Bela da Santíssima Trindade, por exemplo, destinaram 100% de suas exportações ao mercado norte-americano em 2024, junto a outros três municípios. Além destes, Juína exportou 71,57% de seu total para os EUA, Acorizal, 45,95% e Peixoto de Azevedo, 44,03%.
Com uma política protecionista, o mandatário Donald Trump implantou tarifas comerciais em diversos países, fundamentando tal decisão na defesa da soberania econômica e na correção dos desequilíbrios da balança comercial.
A Fecomércio-MT pontua que “a partir de sua vocação exportadora, o estado tem se beneficiado de um impulso econômico relevante, já que o comércio internacional, quando fortalecido, atua como um motor de geração de riqueza não apenas para as empresas exportadoras, mas também para os municípios onde essas atividades estão instaladas”.
Mesmo com a retirada de quase 700 produtos da tarifa adicional de 40%, municípios como Mirassol d’Oeste e Paranatinga seguem vulneráveis a impactos significativos. Em 2024, essas cidades foram responsáveis por 75,61% de toda a carne bovina exportada de Mato Grosso para os Estados Unidos, o que evidencia que, embora o impacto possa ser menor do que o inicialmente previsto, os efeitos ainda reverberam em maior medida, com a visão focada nos municípios.
As ações da política americana tiveram início em março, com a implementação de uma tarifa de 25% sobre as importações de aço e alumínio, insumos considerados estratégicos para a indústria norte-americana. Em abril, o governo dos EUA anunciou uma tarifa universal de 10% sobre as importações provenientes de países com os quais mantém déficits comerciais — o que incluiu o Brasil entre os afetados. Agora, essa tarifa deve ser elevada para 50%, exclusivamente sobre produtos brasileiros.
Essa escalada tarifária tem gerado preocupações tanto no âmbito federal quanto entre os estados com laços comerciais relevantes com os Estados Unidos, como é o caso de Mato Grosso. Segundo análise do Instituto de Pesquisa da Fecomércio no estado (IPF-MT), embora o mercado norte-americano represente apenas 1,10% das exportações mato-grossenses, ele corresponde a 14,64% das importações do estado — o que revela sua importância estratégica em termos de abastecimento e integração de cadeias produtivas.
Ainda conforme o instituto, entre os principais produtos exportados para os EUA em 2024, destacam-se o ouro (US$ 157,73 milhões), a carne bovina (US$ 148,27 milhões), a soja (US$ 39,48 milhões), gelatinas e derivados (US$ 16,85 milhões) e a madeira (US$ 11,09 milhões). Em 2025, os ovos de aves emergem como novo destaque, impulsionados pela crise sanitária da gripe aviária nos Estados Unidos, alcançando o terceiro lugar entre os produtos mais exportados no ano, com receita de US$ 8,07 milhões.
O IPF-MT pontua que se torna evidente a urgência de uma diplomacia econômica eficaz, capaz de mitigar os efeitos adversos dessas barreiras comerciais. Isso é particularmente relevante para Mato Grosso, cuja balança comercial responde por cerca de 30% do superávit nacional. “Logo, impactos sobre sua performance externa repercutem não apenas nos municípios diretamente exportadores, mas também nos indicadores macroeconômicos nacionais”.
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