O endividamento não é só uma característica das classes econômicas mais baixas. As famílias com renda de mais de 10 salários teve aumento em suas dívidas, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), realizada em parceria com o Instituto de Pesquisa e Análise da Fecomércio-MT (IPF-MT).
Segundo análise da pesquisa pelo MT Econômico, as pessoas com melhor condição financeira estão gastando mais com cartão de crédito entre outras parcelas e compromissos recorrentes. Quem ganha mais de 10 salários mínimos tem em média 37% do comprometimento da renda, já quem ganha até 10 salários possui 30,2%, segundo aponta o gráfico na pesquisa (anexa no final da matéria – página 10).
O Serviço de Proteção ao Crédito – SPC Brasil e os bancos geralmente recomendam que as pessoas não ultrapassem 30% da renda com o comprometimento de dívidas mensais.
As famílias com renda maior que 10 salários mínimos apresentaram um nível de endividamento maior de 75,9% contra 73,8% das famílias com renda até 10 salários, além de apresentarem um número maior de endividamento por cartão de crédito (85,2%), conforme observação do IPF-MT.
Segundo o vice-presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (ABEFIN), Alessandro Torres, o endividamento aumenta em duas ocasiões basicamente. “Uma das formas de endividamento da população é quando há perda de emprego, fechamento de empresas e agravamento da situação econômica no país. A outra é quando existe o consumismo, que está mais relacionado ao estilo de vida e desloca-se primeiro para o cartão de crédito, que é o meio mais fácil para comprar, sem ter que pedir análise de crédito em alguma loja, por exemplo, pois o limite já está disponível para gastar”, disse o vice-presidente da ABEFIN.
O ano de 2021 ainda não está demonstrando recuperação econômica conforme o esperado. "Ainda há muitos desafios a serem vencidos, como o controle da pandemia, aprovação de reformas, contenção dos gastos públicos, retomada do emprego e crescimento do PIB, que fechou -4,1% em 2020. Diante disso, é recomendável cautela no consumo e maior controle do orçamento familiar, em especial no primeiro semestre”, completa Alessandro Torres.
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Cuiabá
Em Cuiabá o endividamento geral apresentou mais uma alta em fevereiro, atingindo 74% das famílias na capital, contra 72,7% do mês anterior e 62,2% verificado em fevereiro de 2020, segundo a pesquisa.
O cartão de crédito lidera como principal tipo de dívida das famílias, com 73,8%, um aumento se comparado ao mês de janeiro, quando representava 71,5%, e em relação a fevereiro passado, com 71,3%. A opção pelo crédito consignado – frequentemente utilizado por aposentados do INSS e assalariados – também aumentou, tanto na variação mensal quando anual da pesquisa, de 5,6% em fevereiro de 2020 para 6,2% em janeiro deste ano e, atualmente, 7,7% em fevereiro.
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