O Federal Reserve (Fed, Banco Central estadunidense) reduziu, ontem (29), a taxa de juros básica da economia americana em 25 pontos básicos (pb), para o patamar entre 3,75% e 4% a.a.. Além disso, o banco central norte-americano anunciou que encerrará o programa de redução de seu balanço a partir de dezembro.
Em entrevista, o presidente do Fed, Jerome Powell, surpreendeu com uma mensagem mais hawkish (agressiva na linguagem econômica) do que o mercado esperava, ao dizer que não é possível assumir com certeza que o Fed reduzirá a taxa de juros na reunião de dezembro. Powell alertou que há opiniões muito diferentes no comitê sobre o que o Fed deveria fazer a partir da reunião de dezembro, e que por isso é preciso ter maior cautela daqui por diante.
Dado que o mercado precificava – quase 100% de probabilidade – um corte de 25% na próxima reunião, entendemos que o alerta de Powell demonstrou desconforto com a precificação que o mercado tinha antes da reunião e visou corrigi-la para refletir um cenário de maior incerteza.
“Apesar do tom mais cauteloso, avaliamos que os riscos para baixo na geração de emprego permanecem dominantes e por isso acreditamos que o cenário mais provável é que o Fed volte a reduzir a taxa de juros em 25 pb em dezembro”, analisa economista-chefe da Asset 1, Luis Cezario.
A correção da precificação das taxas de juros futuras nos EUA afetou a precificação do DI (Depósito Interbancário) no Brasil, levando a uma pequena correção para cima nas taxas de juros futuras. “No entanto, avaliamos que este movimento é de curto prazo. Os fundamentos domésticos seguem melhorando, com queda da inflação corrente, queda gradual das expectativas de inflação e desaquecimento da atividade econômica, sobretudo nos setores mais sensíveis à política monetária. Assim, entendemos que há espaço para as taxas de juros futuras fecharem mais ao longo das próximas semanas”.
ENQUANTO ISSO NO BRASIL – Apesar de pressões do exterior, a bolsa de valores voltou a bater recorde e fechou ontem acima dos 148 mil pontos pela primeira vez. O dólar reduziu a queda perto do fim das negociações, mas fechou em baixa pela terceira sessão seguida.
O índice Ibovespa, da B3, fechou aos 148.633 pontos, com alta de 0,82%. O indicador chegou a ficar acima dos 149 mil pontos durante a tarde, mas desacelerou após o discurso do presidente do Federal Reserve.
O mercado de câmbio teve um dia menos favorável. O dólar comercial encerrou a quarta-feira vendido a R$ 5,358, com recuo de apenas 0,03%. A cotação chegou a cair para R$ 5,33 por volta das 12h15, mas a moeda anulou o recuo perto do fim das negociações, também influenciada pelas falas de Powell.
A moeda estadunidense está no menor valor desde 8 de outubro. A divisa sobe 0,69% em outubro, mas acumula queda de 13,28% em 2025.
Apesar das indefinições do Fed, a expectativa em torno da reunião entre os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da China, Xi Jinping, ajudou os países emergentes. A redução das tensões comerciais entre as duas principais economias do planeta favorece exportadores de commodities (bens primários com cotação internacional), como o Brasil.
