Para o diretor executivo da Sicredi Centro Norte, Seneri Paludo, nem toda fintech vai sobreviver no mercado. “As grandes instituições bancárias começaram a querer ser fintech e o sonho da fintech é se tornar uma grande instituição financeira. Eu acredito que existe um caminho do meio aí e cabe a nós, como cooperativa, aprender de fato o que são essas novas tecnologias e começar a implementar isso, copiar mesmo! Sabe, sem demérito nenhum. Copiar esses modelos novos, por quê? Porque o modelo da essência cooperativista, a fintech não vai copiar. Ela não consegue, porque a lógica dela é outra”, explica Seneri Paludo ao MT Econômico durante encontro com jornalistas em Cuiabá.
Ainda de acordo com o executivo da cooperativa de crédito, a lógica da fintech não é desenvolvimento local [da comunidade] e sim maximização do resultado financeiro. Já a lógica do digital e da tecnologia é de suma importância tanto para as fintechs quanto para as demais instituições financeiras.
Adesão do público jovem
De acordo com levantamento da Fintech Mambu, 52% dos jovens brasileiros aderiram aos neobancos, como são chamados os bancos digitais. Essa adesão positiva se dá por diversos fatores, dentre eles, facilidade e comodidade.
Determinados assuntos que as pessoas precisariam ficar horas no banco para resolver, agora, em questão de minutos pode ser solucionado pela tela do celular. Todavia, quando o problema é de maior proporção, o usuário daquela instituição financeira quer que o seu caso seja solucionado o quanto antes e é aí que os modelos de instituições com presença física se diferenciam.
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Em um movimento contrário aos bancos tradicionais, que estão fechando agências e se tornando cada vez mais digitais, o cooperativismo de crédito vem atuando na abertura de agências físicas, por que isso está ocorrendo?
O diretor de supervisão de operações da Sicredi Centro Norte, Nauder Alves, ressalta que o motivo da expansão da cooperativa é essa atuação híbrida (físico + digital).
“Eu abri conta em todas as fintechs, eu sou um olheiro, eu sei tudo o que tem em todas as fintechs. Tudo o que elas operam, então, a gente tem tudo isso no mobile do Sicredi. O que é diferente? É um estudo que estamos fazendo para entender o que ‘pega’ o jovem, como eu divulgo isso? Por exemplo, tem 120 anos que a gente faz cashback, mas nunca dissemos. O que é o cashback? É devolver uma parte da movimentação que você fez. Eu te devolvo! Agora, como a gente comunica isso? Tem alguns preconceitos, eu confesso, que o Sicredi precisa se desprender, de linguagens, linguagens jovens. De falar que sobra cashback mesmo. São algumas coisas que estamos fazendo uma avalição interna que é mais de comunicação”, destaca Nauder.
Desafios tecnológicos
Apesar da tecnologia estar presente em tudo na vida das pessoas, ela não é acessível para todos. Especialmente, em determinadas partes do país. Aqui em Mato Grosso, por exemplo, em alguns municípios têm pouco ou nenhum sinal de telefonia e internet, dependendo da cidade, também não há nenhuma instituição bancária, além do Sicredi, segundo relatado pelos executivos em questionamento do MT Econômico durante evento em Cuiabá.
Mesmo com a praticidade das fintechs, sem um smartphone e uma boa rede de internet, o usuário não consegue acessar aquele banco digital, além, é claro da dificuldade de algumas pessoas de se adaptarem com a tecnologia.
Para o diretor de negócios da Sicredi Centro Norte, Ezio Almeida, “sair de um município que mal funciona o WhatsApp e achar que o ‘cara’ vai migrar para o digital, tem dois problemas: a infraestrutura e a maturidade digital. Nem todo mundo tem essa maturidade para poder se auto atender. Então a gente tá nesse processo”, explica.
Tendência bancária
Só no ano passado, os bancos tradicionais fecharam 394 unidades em todo o país. Indo contra essa tendência, o sistema de cooperativas do Sicredi abriu 172 agências, somente em Mato Grosso, 5% a mais do que em 2021.