Dois terços de economistas-chefe dos setores público e privado entrevistados pelo Fórum Econômico Mundial esperam uma recessão global em 2023, disse a organização de Davos ontem, enquanto líderes empresariais e governamentais se reúnem para mais uma edição da reunião anual.
O governo brasileiro enviou os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) para o encontro anual, que será realizado até o dia 20, em Davos, na Suíça.
Cerca de 18% economistas-chefe consideram uma recessão mundial “extremamente provável”, mais do que o dobro da pesquisa anterior realizada em setembro de 2022. Apenas um terço dos entrevistados a considera improvável este ano.
“A atual inflação alta, baixo crescimento, dívida elevada e ambiente de alta fragmentação reduzem os incentivos para os investimentos necessários para voltar ao crescimento e elevar os padrões de vida dos mais vulneráveis do mundo”, disse Saadia Zahidi, diretora executiva do Fórum Econômico Mundial, em comunicado que acompanha os resultados da pesquisa.
A pesquisa da organização foi baseada em 22 respostas de um grupo de economistas sêniores de agências internacionais, incluindo o Fundo Monetário Internacional, bancos de investimento, empresas multinacionais e grupos de resseguros.
Leia também: Inflação oficial fecha 2022 em alta e cuiabanos sentem peso do IPCA
A pesquisa foi divulgada depois que o Banco Mundial reduziu na semana passada suas previsões de crescimento para 2023 a níveis próximos de recessão em muitos países, à medida que o impacto dos aumentos das taxas de juros se intensifica, a guerra da Rússia na Ucrânia continua e os principais motores econômicos do mundo falham.
Sobre a inflação, a pesquisa do Fórum observou grandes variações regionais: a proporção dos que esperam inflação alta em 2023 variou de apenas 5% para a China a 57% para a Europa, onde o impacto do aumento dos preços de energia no ano passado se espalhou para a economia em geral.
A maioria dos economistas vê mais aperto na política monetária na Europa e nos Estados Unidos (59% e 55%, respectivamente), com autoridades presas entre os riscos de apertar demais ou de menos
O tema desse ano do Fórum de Davos é cooperação em um mundo fragmentado. O evento deve reunir 2,7 mil líderes internacionais de 130 países. São esperados também 52 chefes de Estado e de governo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu não participar do encontro esse ano. A primeira viagem internacional do presidente será nos dias 23 e 24, para a Argentina. (UOL e Agência Brasil)