Os gargalos da infraestrutura elétrica estão comprometendo a expansão da geração de energia renovável em Mato Grosso. O alerta foi feito pelo presidente do Sindenergia MT, Carlos Garcia, durante o painel “Como desenvolver o potencial energético das renováveis em Mato Grosso?”, na abertura do Congresso e Exposição de Inovação em Instalações Elétricas (Cinase) 2025, realizado no final da semana passada, em Cuiabá.
Segundo Garcia, o estado possui um imenso potencial para explorar fontes como pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), energia solar e biogás. No entanto, a falta de investimentos em linhas de transmissão limita o aproveitamento dessas oportunidades.
“Gerar energia em Mato Grosso, principalmente nos horários de maior incidência solar, se tornou um grande desafio. O descasamento entre oferta e demanda em determinados horários afeta todo o país e aqui no estado não é diferente. Precisamos pensar estrategicamente o setor energético mato-grossense para garantir espaço a essa geração”, afirmou.
O presidente destacou ainda que já está em andamento o processo de elaboração de um balanço energético estadual, em parceria com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec) e a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que tem o objetivo de diagnosticar a composição atual da matriz energética.
“Sem conhecer os números relativos à composição da matriz energética hoje, não conseguimos projetar como a queremos para o futuro. Esse levantamento será a base para definir ações estratégicas, como o programa de eletrificação estadual, que visa a aumentar a demanda por energia elétrica e ampliar a capacidade da rede para acelerar o processo de eletrificação no estado, o que vai permitir absorver mais renováveis”, completou.
O professor Ivo Leandro Dorileo, do Núcleo Interdisciplinar de Estudos em Planejamento Energético (Niepe) da UFMT, reforçou a necessidade de integrar os planos estaduais às diretrizes nacionais.
“É fundamental que Mato Grosso tenha documentos atualizados de matriz e balanço energético, dialogando com o planejamento regional e nacional. Isso garante que os investimentos ocorram de forma técnica e sustentável”, pontuou.
Já o coordenador de energia da Sedec, Teomar Magri, defendeu um planejamento integrado das fontes. “O estado tem vocação para a geração hídrica e solar, mas precisa também avançar em biogás, biometano e biomassa, aproveitando a força da agroindústria. Para isso, é preciso resolver gargalos de escoamento e estruturar políticas de incentivo”, explicou.
Moderador do painel, o professor Ruan Carlos Silva, do Instituto Federal de Mato Groso (IFMT), destacou o impacto da discussão para a comunidade acadêmica.
“Foi um momento rico de troca de informações técnicas, que ajuda os estudantes a compreenderem os reais desafios do setor e pensarem em soluções”, finalizou.
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