O litro da gasolina comum atingiu novo recorde, em Mato Grosso, no fechamento de março. Segundo dados Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a média de preços no mês passado encerrou o período em R$ 6,794, 23% acima do consolidado em igual momento do ano passado, quando a média foi de R$ 5,484.
Considerando máximas apuradas pela Agência no Estado há registro de valores de bomba de até R$ 7,880, em Alta Floresta (800 quilômetros ao norte de Cuiabá). A alta da gasolina, em Mato Grosso, teve início em maio do ano passado, dentro de uma nova onda da Covid-19. De lá para cá, a majoração vem sendo constante, abocanhando mês a mês o poder de compra das famílias.
O custo com combustíveis, com suas sucessivas altas, tem mantido a trajetória da inflação em alta e cravando índices históricos sobre a economia nacional.
Ontem, o IBGE divulgou o índice da inflação oficial acumulada em 12 meses que chegou a março deste ano a taxa de 11,3%. Essa é a maior variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desde outubro de 2003, quando havia ficado em 13,98%.
Conforme o IBGE, desde setembro do ano passado, a taxa acumulada em 12 meses está acima dos 10%. Entre dezembro de 2003 e agosto de 2021, o IPCA só havia superado a barreira dos 10% por quatro meses, entre novembro de 2015 e fevereiro de 2016.
O resultado também está bem acima da meta de inflação, estabelecida pelo Banco Central, que varia entre 2% e 5% para 2022.
Grupos de despesa importantes para a composição do índice como alimentação, transportes e habitação registram altas de preços acima da média da inflação oficial.
Os preços dos alimentos, por exemplo, subiram 11,62% em 12 meses, puxados por itens como cenoura (166,17%), tomate (94,55%) e hortaliças e verduras (33,29%).
Os transportes acumulam alta de preços de 17,37% em 12 meses, puxados pelos combustíveis (27,89%). A gasolina subiu 27,48%, o óleo diesel, 46,47% e o etanol, 24,59%. Também se destacam o transporte por aplicativo (42,74%) e o seguro voluntário de veículos (16,43%).
Já os gastos com habitação tiveram aumento de 15%, com variações de preços de 28,52% para energia elétrica residencial e de 29,80% para os combustíveis domésticos, o que inclui o gás usado para cozinhar.
Os itens monitorados, isto é, aqueles que têm preço regulado por autoridades governamentais, acumulam alta de 14,84% no ano.
DIFUSÃO DA INFLAÇÃO – Em março, o IPCA registrou taxa mensal de 1,62%, a maior taxa para o mês desde o início do Plano Real, em 1994. Segundo o pesquisador do IBGE Pedro Kislanov, os combustíveis tiveram um destaque no mês, não apenas para aumentar a taxa dos transportes como também de outros itens.
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“Em março, há um efeito da alta dos combustíveis, principalmente da gasolina e do diesel, que aumentam o custo do frete, sobre outros componentes do IPCA, como por exemplo, a própria parte de alimentação e bebidas. Há um componente do custo de frete que acaba sendo repassado para o consumidor”, explica.
O índice de difusão da inflação, que mostra o percentual de itens que tiveram aumento de preços no mês, chegou a 76%, o maior desde fevereiro de 2016.
PROTESTE – Os postos de combustível não podem aumentar o preço sem antes existir um reajuste no preço nas refinarias. A Proteste explica que a formação do valor dos combustíveis é complexa, e contempla custos de produção, distribuição, comercialização e tributos, e os valores são tabelados somente nas distribuidoras, que possuem autonomia para definir os preços cobrados pelo litro da gasolina, do etanol e do diesel.
Mariana Rinaldi, especialista Proteste, diz que os consumidores podem acompanhar a média dos preços tabelados, e contornar possíveis situações em que haja um abuso na cobrança. É possível acessar as informações através dos dados disponibilizados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Ainda, como bem destaca Rinaldi, é fundamental que o consumidor requeira a nota fiscal, “o documento fundamental no encaminhamento de possíveis denúncias”, conclui.
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