As aquisições de cargas de gasolina no mercado internacional se tornam cada vez menos frequentes, com a arbitragem fechada desde meados de fevereiro em meio a uma escalada dos preços globais do combustível.
Importadores continuam monitorando os preços e a disponibilidade da gasolina fora do Brasil, ainda concentrados em originações entre Estados Unidos e Europa. As cotações oferecidas dos dois lados do Atlântico, que têm favorecido as negociações com produtores europeus nos últimos meses, convergiram em março.
Mato Grosso, que tem um dos preços médios do litro na bomba mais caros do Brasil, até a semana passada, por exemplo, conforme a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), exibia valor médio de R$ 5, 87, mas com máxima de R$ 6,50, colocando o estado na posição de 12ª combustível mais caro do Brasil.
A arbitragem para importação de gasolina A encontra-se fechada desde fevereiro, e o diferencial entre a importação de cargas em até dois portos do Norte e do Nordeste e o preço de venda da Petrobras em São Luís (MA) atingiu 43 centavos por litro em 26 de março, de acordo com um levantamento da Argus.
O descompasso ocorre em meio a um aumento significativo dos preços globais de gasolina ao longo de fevereiro em função de programações de manutenção de refinarias, concentradas neste mês no hemisfério Norte. O calendário de paradas de unidades de refino foi particularmente carregado em fevereiro por conta da relutância dos refinadores, desde o fim da pandemia, em fazer interrupções prolongadas em meio a margens de refino elevadas.
Este fenômeno resultou em um aumento de estoques de petróleo ao nível global, enquanto reservas de derivados recuaram, com destaque para a gasolina. Dados oficiais dos Estados Unidos e de um grupo de dezesseis países da União Europeia e do Japão apontam para uma retração total de 16,1 milhões de barris (2,56 milhões de m³) nos estoques de gasolina em fevereiro, comparado com um déficit médio histórico de 3 milhões de barris para o mês.