Mesmo que a alta a anunciada pela Petrobras tenham sido para as refinarias, e que Mato Grosso esteja a cerca de 1,5 mil quilômetros de distância da principal refinaria do País – Paulínia (SP) – os preços para o litro da gasolina e do diesel amanheceram mais caros em postos de Cuiabá e Várzea Grande. Ainda que os estoques sejam os mesmos, o valor de bomba da gasolina passou para cerca de R$ 5,89 e o diesel R$ 6,38.
Antes do aumento, o litro do diesel comum, por exemplo, seguia há meses mais barato que o da gasolina, vendido a menos de R$ 5. Já a gasolina, até anteontem, podia ser encontrada a R$ 5,17/5,19/5,23. Alguns motoristas correram para tentar abastecer no preço ‘antigo’ e economizar algo em torno de R$ 30 por tanqueada, no caso da gasolina.
Alguns postos mantiveram o preço de bomba inalterado, esperando reposição de estoque para então verificar o tamanho da alta e só então elevar o valor cobrado na bomba, como explicou um frentista, em um posto de bandeira branca na Avenida da FEB, em Várzea Grande. A mesma justificativa foi dada por funcionários de postos localizados nas Avenidas XV de Novembro e Miguel Sutil, em Cuiabá.
Em outro posto, também de bandeira branca, localizado na Avenida Vereador Aberlado, em Várzea Grande, uma curiosidade chamou à atenção. A gasolina estava sem valor de revenda fixado, apenas o do etanol, a R$ 3,07 o litro. Questionado sobre a ausência de valor, a frentista disse que o posto estava sem gasolina, por isso tiraram o preço. E ainda disse que não tinha certeza se o dono do posto ia continuar a revender a matriz, após a alta.
Antes do anúncio da alta, o levantamento semanal da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mostrava que em Cuiabá os valores variavam de R$ 5,07 a R$ 5,49 e ontem, conforme monitoramento do MT Econômico, a revenda já chega a R$ 5,89 na bomba, em postos da Capital.
Vale à pena ficar atento os postos, durante os percursos diários, para aproveitar locais que ainda não tenham reajustado.
“Posso dizer que dei sorte hoje. Consegui abastecer, depois que deixei as crianças na escola, a R$ 5,27 por litro de gasolina. Não tinha como encher o tanque, infelizmente, mas acredito que consigo rodar até o final de semana. Vai ser doído pagar mais caro para abastecer na semana que vem”, lamentou Mirtes de Moura, dona de casa.
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Os frentistas disseram ao MT Econômico que é uma prática do mercado ajustar preços dos combustíveis quando há aumento nos derivados de petróleo, ou seja, mesmo sem regulação por parte da Petrobras, o litro do etanol – ainda que esteja em plena safra de cana e com safra recorde de milho – venha a ter seu valor de bomba ligeiramente majorado nos próximos dias. Considerando o valor de R$ 5,87 pelo litro da gasolina e de R$ 3,13 ao etanol (como na foto), o biocombustível, conforme a relação 70/30, está mais competitivo que nunca, representando pouco mais de 53% do que está sendo atualmente cobrado pela gasolina.
O ANÚNCIO – Conforme a Estatal, a gasolina A – produzida pelas refinarias de petróleo e entregue diretamente às distribuidoras – terá o preço médio aumentado em R$ 0,41 por litro e passará a ser vendida às distribuidoras por R$ 2,93. O aumento é de cerca de 16%. Para o diesel, a Petrobras aumentará o preço médio de venda para as distribuidoras em R$ 0,78, chegando a R$ 3,80 por litro. O reajuste representa 26%.
Vale lembrar que conforme pesquisas recentes, antes do aumento, Mato Grosso já registrava os maiores preços médios para o litro do diesel comum e do diesel S-10, respectivamente. Conforme dados do Índice de Preços Ticket Log (IPTL) os preços médios no Estado, na primeira quinzena deste mês, são de R$ 5.280 ao litro do comum e de R$ 5.400 ao S-10.
NOVA POLÍTICA DE PREÇOS – A Petrobras esclareceu que a nova política de preços da empresa “incorpora parâmetros que refletem as melhores condições de refino e logística da Petrobras na sua precificação”.
Segundo a empresa, “em um primeiro momento, isso permitiu que a empresa reduzisse seus preços de gasolina e diesel e, nas últimas semanas, mitigasse os efeitos da volatilidade e da alta abrupta dos preços externos, propiciando período de estabilidade de preços aos seus clientes”.
A companhia ressalta que, “no entanto, a consolidação dos preços de petróleo em outro patamar, e estando a Petrobras no limite da sua otimização operacional, incluindo a realização de importações complementares, torna necessário realizar ajustes de preços para ambos os combustíveis, dentro dos parâmetros da estratégia comercial, visando reequilíbrio com o mercado e com os valores marginais para a Petrobras”.
Na avaliação da companhia, a nova política de preços evita repassar aos consumidores a volatilidade conjuntural do mercado internacional e da taxa de câmbio, ao mesmo tempo em que preserva um “ambiente competitivo salutar nos termos da legislação vigente”.