Dados do Banco Central apontam que a taxa de juros do cheque especial caiu em maio. A taxa chegou a 311,9% ao ano, com redução de 9,1 pontos percentuais em relação a abril. Outra taxa que caiu em maio foi do rotativo do cartão de crédito também caiu, ao chegar a 243% ao ano em maio, com recuo de 5,1 pontos percentuais em relação a abril. Essa é a taxa para quem paga pelo menos o valor mínimo da fatura do cartão em dia.
Em abril, os bancos anunciaram mudanças no cheque especial, mas as novas regras só valem a partir de julho. Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), os clientes que utilizarem mais de 15% do limite do cheque durante 30 dias consecutivos vão receber a oferta de parcelamento, com taxa de juros menor do que a do cheque especial, a ser definida pela instituição financeira.
No caso do cartão, a taxa cobrada dos consumidores que não pagaram ou atrasaram o pagamento mínimo da fatura (rotativo não regular) caiu 39,1 pontos percentuais, chegando a 346,1% ao ano. Com isso, a taxa média da modalidade de crédito ficou em 303,6% ao ano, com redução de 25 pontos percentuais em relação a abril.
O rotativo é o crédito tomado pelo consumidor quando paga menos que o valor integral da fatura do cartão. O crédito rotativo dura 30 dias. Após esse prazo, as instituições financeiras parcelam a dívida.
Em abril passado, o Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu que clientes inadimplentes no rotativo do cartão de crédito passarão a pagar a mesma taxa de juros dos consumidores regulares. Mas essa regra só vale a partir de junho deste ano.
Modalidades caras
Apesar da redução das taxas do rotativo do cartão e do cheque especial, essas modalidades de crédito são as mais caras entre as disponíveis nos bancos. A taxa do crédito pessoal, por exemplo, é mais baixa: chegou a 114,7% ao ano, em maio, com redução de 10,2 pontos percentuais. A taxa do crédito consignado (com desconto em folha de pagamento) caiu para 25,4% ao ano, com recuo de 0,3 ponto percentual, em relação a abril.
A taxa média de juros para as famílias caiu 2,8 pontos percentuais para 53,8% ao ano, em maio. A taxa média das empresas recuou 0,2 ponto percentual: agora é de 20,6% ao ano.
Segundo o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, as taxas do crédito vêm caindo de forma gradual e a redução dos juros do rotativo do cartão e do cheque especial pode já ser efeito das mudanças na regulamentação das modalidades. “Essa é uma possibilidade”, disse.
Inadimplência
A inadimplência do crédito, considerados atrasos acima de 90 dias, para pessoas físicas, caiu 0,1 ponto percentual para 5%, em maio. No caso das pessoas jurídicas, também houve queda de 0,1 ponto percentual para 4,1%. Esses dados são do crédito livre em que os bancos têm autonomia para aplicar dinheiro captado no mercado.
No caso do crédito direcionado (empréstimos com regras definidas pelo governo, destinados, basicamente, aos setores habitacional, rural e de infraestrutura) os juros para as pessoas físicas caiu 0,1 ponto percentual para 8% ao ano. A taxa cobrada das empresas teve retração de 0,4 ponto percentual para 9,2% ao ano. A inadimplência das pessoas físicas caiu 0,1 ponto percentual para 2% e das empresas chegou a 1,8%, com aumento de 0,1 ponto percentual.
O saldo de todas as operações de crédito concedido pelos bancos ficou em R$ 3,107 trilhões, com crescimento de 0,5%, no mês e no ano. Em 12 meses, a expansão chegou a 1,3%. Esse estoque do crédito correspondeu a 46,6% de tudo o que o país produz – Produto Interno Bruto (PIB). Esse percentual se mantém por três meses seguidos.