Mato Grosso é um dos estados brasileiros com maior consumo per capita de materiais para construção. Enquanto a média nacional é de R$ 600,00 por habitante, no estado o número pode chegar até a R$ 1.200,00 por habitante, dependendo da região do estado, indica a Associação dos Comerciantes do Varejo de Material para Construção (Acomac-MT).
“A média estadual é praticamente o dobro da média nacional. Em algumas regiões, como o Vale do Araguaia, o consumo chega a R$ 1.200,00 por pessoa. Em Sinop, o consumo per capita chega a R$ 980,00. Na capital, Cuiabá, o consumo é de R$ 740,00 por habitante. Uma diferença extremamente significativa sobre a média nacional”, avalia o presidente da Associação dos Comerciantes do Varejo de Material para Construção (Acomac-MT), Gustavo Nascimento ao MT Econômico.
O estado também se destaca na pesquisa mensal de consumo feita pela Associação Nacional dos Comerciantes do Varejo de Material para Construção (Anamaco). No tracking divulgado mensalmente pelo Anamaco, a região Centro Oeste registrou um aumento nas vendas de material para construção de 7% no mês de março, em comparação ao mês de fevereiro deste ano, enquanto o crescimento das demais regiões foi de apenas 2%. Mato Grosso é o destaque na região Centro Oeste.
Os números consideram apenas as vendas para construção, sem considerar o comércio para pequenas obras e reformas. O grande movimento das lojas do segmento é de pequenas vendas, entre R$ 140,00 e R$ 200,00 por consumidor, o que atesta o grande volume de vendas para reformas e reparos. Os dados específicos sobre reforma ainda não foram pesquisados pela Anamaco.
O presidente da Acomac indica vários fatores para o alto consumo do setor em MT. “A demanda reprimida de moradia no estado, a economia consolidada de Mato Grosso, taxas de juros para construção atrativas, e parcelamento próprio feito pelas lojas do ramo são os principais fatores que movimentam o segmento atualmente”, explica Gustavo Nascimento.
As taxas de juros ofertadas pelos bancos para financiamento de materiais de construção por meio do Construcard, giram, atualmente, em torno de 1,9%, muito abaixo das taxas vigentes em 2016, que chegaram a 4,95%. A facilidade de financiamento está atraindo milhares de famílias mato-grossenses que ainda não têm casa própria ou estão em busca de ter um imóvel novo.
De acordo com o Sindicato das Indústrias da Construção do Estado de Mato Grosso (Sinduscon-MT), o estado tem hoje um déficit habitacional de aproximadamente 100 mil moradias. Cerca de 80% do material de construção comercializado é para imóveis residenciais e 20% para comerciais.
Enquanto em 2018 o crescimento do setor foi de 7,5%, para 2019, a projeção é crescer 9%. O quadro atual, de crescimento e otimismo do setor, é bem diferente do cenário apresentado em 2016, quando o segmento sofreu sua maior crise nos últimos anos. Naquele ano, aproximadamente 200 lojas do setor fecharam no estado, além de inúmeros pedidos de recuperação judicial, tanto de lojas quanto de distribuidoras.
Em 2016, além da taxa de juros extremamente alta, outros fatores impactaram negativamente o setor. “Vivíamos um momento de instabilidade e incertezas políticas e o cenário econômico não apresentava nenhuma perspectiva”, aponta Gustavo Nascimento.
Estímulo à construção
Desde 2010, a Acomac-MT promove uma campanha para estimular as famílias a construírem a própria casa ao invés de comprar o imóvel pronto. Para isso, apresenta números incontestáveis. De acordo com a Associação, construir pode ser até 50% mais barato que comprar um imóvel pronto. Enquanto o metro quadrado do imóvel pronto custa entre R$ 4.500,00 e R$ 6.000,00, a construção do imóvel, incluindo o terreno, fica entre R$ 1.800,00 e R$ 2.500,00.
“As vantagens de construir são inegáveis, no valor e na escolha do imóvel. Quem constrói vai ter a casa exatamente como sempre sonhou. Muitos recorrem ao imóvel já pronto ou porque não sabem desta diferença, ou porque querem a facilidade da compra, mas hoje já é possível contratar profissionais que cuidam de todas as etapas da construção, incluindo a compra de todo material, pesquisando os melhores preços e formas de pagamento”, destaca Gustavo Nascimento.
Os bancos também mantêm linha de financiamento para construção. A Caixa Econômica Federal (CEF), por exemplo, oferece uma linha de crédito especial para construção, com juros baixos e prazos alongados. No portal do banco é possível fazer uma simulação do crédito com as condições de pagamento.
Setor
Mato Grosso tem, atualmente, aproximadamente 2.800 lojas de material de construção, que empregam, direta e indiretamente, 100 mil trabalhadores. Cerca de 30% dos lojistas estão associados à Acomac-MT, precisamente 753 associados, entre micros, pequenos, médios e grandes estabelecimentos.
Fundada no ano de 1999, a Acomac de Mato Grosso se destaca nacionalmente por ter o maior número de associados, entre as 35 existentes no país. A Associação oferece aos seus filiados uma série de vantagens, como desconto na compra de caminhões, taxas de financiamento diferenciadas através de convênios com bancos, cursos de capacitação e soluções para problemas juntos aos órgãos reguladores.
Em 2010, depois de cinco anos de negociação, a Associação conseguiu junto ao governo estadual a redução da alíquota do ICMS de 17% para 10,5%. Isto fez com que aumentasse a base de arrecadação do segmento em 32% logo após a entrada em vigência da nova alíquota, já que muitos lojistas regularizaram sua situação fiscal. Desde então, o setor faz o recolhimento antecipado, através da substituição tributária. “Hoje, somos um segmento modelo em Mato Grosso. O setor do varejo com menor índice de inadimplência na arrecadação de impostos”, finaliza o presidente da Acomac-MT, Gustavo Nascimento à reportagem do MT Econômico.