O mercado brasileiro de combustíveis vai trilhar uma trajetória de recuperação em 2022, ultrapassando a demanda média registrada em 2019. De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), as vendas de óleo diesel neste ano devem crescer 1,2%. Já a gasolina C deve ter uma demanda ampliada em 1,6%. Por fim, o querosene de aviação (QAV) deve disparar e fechar 2022 com uma alta de 37%. Os dados fazem parte do documento Perspectivas para o Mercado Brasileiro de Combustíveis no Curto Prazo, lançado recentemente pela estatal.
“Um ambiente externo volátil e adverso, além de inflação e juros altos globalmente, prejudicam as perspectivas de crescimento globais e brasileiras. Apesar disso, a volta da mobilidade com o fim das restrições para conter a disseminação da Covid-19, reduções tributárias nos preços dos combustíveis, aumentos na geração de emprego, nas transferências de renda e na produção agrícola devem fazer a demanda de combustíveis ultrapassar os níveis pré-Covid em 2022”, projetou.
No primeiro semestre do ano, as vendas de diesel superaram até mesmo os volumes recordes registrados em igual período do ano anterior. Ao todo, a alta no combustível somou 2,2% entre janeiro e junho. A EPE alerta, contudo, que o consumo de diesel em 2022 deverá refletir, em alguma medida, os efeitos da escalada de preços dos combustíveis, além das menores expectativas do mercado para a economia brasileira, devido a um ambiente externo adverso, revisões negativas para o crescimento global e ambiente inflacionário ainda pressionado.
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“Por outro lado, a produção agrícola, favorecida pelos preços internacionais elevados, deverá ser o fiel da balança para o consumo do diesel. A safra brasileira de grãos 2021/2022 deve registrar um aumento de 6,7% em relação a 2020/2021, especialmente devido ao bom desempenho da safra no Centro-Oeste”, ponderou a EPE.
Na gasolina, o consumo cresceu 11% entre janeiro e junho em comparação com os mesmos meses de 2021. As isenções dos tributos federais e a limitação do ICMS em 17% ou 18% reduziram os preços do produto e devem impulsionar a demanda. Já a demanda de combustíveis do ciclo Otto (frota de veículos de passeio e carga leve) foi 3,9% maior no primeiro semestre, com projeção de terminar o ano com 1,5% de elevação. “A demanda [do ciclo Otto] não deve recuperar os patamares anteriores à pandemia até 2023, devido a mudanças comportamentais (como a adoção de práticas de trabalho remoto)”, apontou a EPE.
Por fim, um dos combustíveis mais afetados pela pandemia, o querosene de aviação terá uma recuperação neste ano. A EPE afirma que a disponibilidade de voos nacionais ainda está abaixo dos níveis de pré-pandemia. Porém esse quadro deve mudar até o final do ano. “Com o fim das restrições e da Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional, parte da população que estava viajando mais de automóvel deve voltar para o modo aéreo”, previu a EPE. A estatal manteve sua projeção de recuperação lenta e gradual do consumo de QAV no Brasil, alcançando os níveis de pré-pandemia apenas no segundo semestre de 2023.
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