A mortalidade das startups é um problema que dobrou de tamanho em 2023. Conforme dados do observatório do Sebrae, cerca de 25% das startups morrem com um ano ou menos. 50% morrem com um tempo menor ou igual a quatro anos e 75% com aproximadamente 13 anos.
Com isso, Alexandre Pierro – que é mestrando em gestão e engenharia da inovação, bacharel em engenharia mecânica, física nuclear e sócio fundador da PALAS, consultoria pioneira na ISO de inovação na América Latina – dá algumas dicas para reverter esse cenário.
Vender uma grande ideia de forma atrativa, foi por muitos anos, o principal objetivo e estratégia das startups. Buscando atrair investidores e parceiros que acreditassem neste mesmo potencial e que as rentabilizassem para alavancar o crescimento do negócio.
Hoje, contudo, aquelas que tentam insistir nessa mentalidade, percebem que não é tão fácil, ter um grande sonho não basta para tirá-lo do papel neste novo cenário econômico desafiador.
Grande parte do cenário preocupante atualmente se deve pelo fato do Brasil apresentar seus dois lados da moeda em relação ao espaço propício para empreender. Afinal, apesar de, nos últimos dez anos, mais de sete mil startups terem sido abertas no país – segundo dados do relatório Inovação em Movimento, realizado pela Cortex – muitas não resistiram e acabaram fechando suas portas.
Este ano foi brutal para estes negócios. Informações divulgadas pela empresa de gestão Carta identificaram que, apenas até o terceiro trimestre de 2023, mais startups encerraram suas atividades do que o total registrado em 2022 inteiro – uma queda de mais de 60%. No geral, 90% delas morrem em menos de três anos de atividade, principalmente devido à insistência em uma filosofia que, nitidamente, não faz mais sentido para elas.
Além da enorme mudança no cenário macroeconômico global e o aumento significativo das taxas de juros que, por si só, já fazem com que os investidores pensem duas vezes antes de apostar seu dinheiro em uma startup, as guerras na Ucrânia e em Israel e, claro, os efeitos devastadores da pandemia no mercado mundial mexeram drasticamente com a questão de logística e de bens de consumo.
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Agora, muitos preferem, como exemplo, investir nos famosos tesouros americanos, justificados como opções mais seguras economicamente, trazendo maiores resultados sob um risco reduzido.
Segundo sócio fundador da PALAS consultoria, Alexandre Pierro, “não há mais espaço para essas ‘startups unicórnios’, já que se tornou um verdadeiro desafio conseguirem o aporte necessário para crescerem a nível exponencial até atingirem o valor de mercado de US$ 1 bilhão”, declarou.
Pierro acrescenta que, “a mentalidade precisa mudar, dependendo minimamente destes investimentos externos, arriscando menos, e compreendendo que precisam adotar estratégias de gestão semelhantes à de qualquer microempresa, por meio de processos e metodologias bem estabelecidos que fortaleçam seu ambiente favoravelmente à conquista de resultados cada vez melhores”, explica.
De acordo com Pierro, existem diversos modelos de governança que podem ser adotados pelas startups, desde as voltadas à padronização dos processos, até aquelas destinadas mais a questões ambientais, para saúde dos colaboradores, compliance, dentre tantos outros.
para ele, o importante é que busquem o apoio de uma consultoria especializada no tema para que identifiquem a melhor opção conforme sua realidade e objetivos e estruturem o melhor formato possível, de forma que consigam trazer essas inovações em seus processos e entreguem produtos e serviços de alta qualidade aos seus clientes.
Muitas startups trouxeram inovações extremamente importantes para o mercado, assim como as fintechs que geraram uma tremenda revolução no setor financeiro. Dessa forma, quanto mais compreenderem seu ecossistema e adotarem medidas favoráveis às suas operações, maior será a chance de atraírem investidores dispostos a se juntarem a este sonho.