Levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que o rendimento médio mensal das mulheres no mercado de trabalho brasileiro é 21% menor do que o dos homens: R$ 3.305 para eles e R$ 2.909 para elas. Os dados, têm como base a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PnadC), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no terceiro trimestre de 2022.
Mesmo nos setores de atividades em que as mulheres são maioria, em média, elas recebem menos. Nos serviços domésticos, as trabalhadoras ocupam cerca de 91% das vagas, e o salário é 20% mais baixo que o dos homens. Em educação, saúde e serviços sociais, mulheres representam 75% do total e têm rendimentos médios 32% abaixo dos recebidos pelos homens.
No setor de serviços domésticos, as mulheres com menos de um ano de estudo recebem R$ 819, com ensino fundamental incompleto, R$ 972, com ensino fundamental completo, R$ 1.092, com médio incompleto, R$ 926, com médio completo, R$ 1.087, com superior incompleto, R$ 1.120 e com superior completo, R$ 1.257.
No mesmo setor, os homens com menos de um ano de estudo, recebem R$ 1.061, com ensino fundamental incompleto, R$ 1226, com ensino fundamental completo, R$ 1.386, com médio incompleto, R$ 986, com médio completo, R$ 1.470, com superior incompleto, R$ 1.156 e com superior completo, R$ 1.771.
Nas áreas de educação, saúde, e serviços sociais, as mulheres com menos de um ano de estudo recebem R$ 1.565, com ensino fundamental incompleto, R$ 1.333, com fundamental completo, R$ 1.358, com médio incompleto, R$ 1.261, com médio completo, R$ 1.718 com superior incompleto, R$ 1.840 e com superior completo, R$ 4.063.
Com menos de um ano de estudo, os homens que trabalham nessas áreas recebem R$ 1.928, com ensino fundamental incompleto, R$ 1.750, com fundamental completo, R$ 1.551, com médio incompleto, R$ 1.554, com médio completo, R$ 2.076 com superior incompleto, R$ 2.302 e com superior completo, R$ 6.331.
“A desigualdade de gênero no mercado de trabalho reproduz e reafirma esse desequilíbrio já existente em todas as esferas da sociedade, sob a forma do machismo. A partir dos papéis atribuídos a homens e mulheres, negros e negras, desenham-se as desigualdades e as relações de poder, seja econômico, sexual ou político”, destaca a pesquisa do Dieese.
POR NECESSIDADE – De acordo com pesquisa exclusiva sobre empreendedorismo feminino elaborada pela SumUp, a maior parte das mulheres são empreendedoras por necessidade, ou seja, abrem seus negócios para terem alguma fonte de renda. Isso é o que afirmam 42% das entrevistadas pela fintech.
Na sequência, 25% das mulheres dizem que decidiram empreender após enxergarem uma boa oportunidade de negócio. Já para 22% delas, o objetivo principal ao empreender foi ter mais autonomia e tempo para se dedicar à família. Esse cenário contrasta com o indicado pelo público masculino, onde a maior parte (37%) diz empreender por oportunidade, contra 31% que começaram a empreender por necessidade.
O estudo foi realizado online com 2.266 microempreendedores e autônomos – 1.261 mulheres e 1.031 homens – da base de clientes da SumUp, de todas as regiões do Brasil, entre os dias 17 e 27 de fevereiro deste ano.
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As regiões Sudeste e Nordeste concentram a maioria das mulheres microempreendedoras e autônomas, com 40% e 29% das entrevistadas, respectivamente. Analisando a faixa etária dessas empreendedoras, o estudo identificou que 38% delas têm entre 30 e 39 anos de idade e 29% de 40 a 49 anos. Entre as 1.261 mulheres entrevistadas, 45% se declaram de etnia parda, 43% são brancas e 10%, pretas. A maioria delas, 55%, tem ensino médio completo ou incompleto.
Avaliando os setores onde as mulheres empreendedoras estão inseridas, elas são maioria em relação aos homens nos segmentos de cosméticos e serviços de estética (82% do total), roupas e acessórios (80%), profissionais de saúde (64%) e produtos para pets (60%).
O estudo indica que, também no empreendedorismo, as mulheres ganham menos que os homens. Quando questionadas sobre a renda individual, 34% das microempreendedoras afirmaram faturar no máximo um salário mínimo por mês com o próprio negócio. Já 46% delas dizem ganhar entre um e três salários mínimos e 4% entre três e cinco. Ao mesmo tempo, apenas 1% das mulheres supera a barreira dos 10 salários mínimos de faturamento. Entre os homens, apenas 16% afirmam receber até um salário mínimo, 47% entre um e três salários mínimos, 24% entre três e cinco e 4% acima de 10 salários.
Entre as mulheres empreendedoras, 54% são chefes de família. Outro dado importante da pesquisa é que 24% das entrevistadas afirmaram que já sofreram algum tipo de discriminação no seu trabalho por serem mulheres. Esse índice chega a 35% quando analisamos apenas as respostas das mulheres que se declaram pretas.
Ao serem perguntadas sobre o potencial de crescimento de seus negócios, 41% das empreendedoras afirmaram que ter mais acesso ao crédito para investir é o principal fator que ajudaria na expansão dos empreendimentos. Em seguida, novas tecnologias para divulgar os negócios e reformas ou ampliação do empreendimento, ambas com 18% das respostas, são apontadas como possíveis variantes potencializadoras para seus negócios.
Além disso, 25% das mulheres empreendedoras perceberam que seu poder de compra diminuiu nos últimos anos. O número é tendencialmente maior entre elas do que entre os homens empreendedores: apenas deles 19% sentiram uma queda no poder aquisitivo.