O empresário do setor automotivo e diretor da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave MT), Paulo Boscolo, afirmou que apesar do carro elétrico estar conquistando seu lugar no mercado, ele não será predominante no setor automotivo.
A afirmativa ocorreu em entrevista ao MT Econômico, onde o empresário falou sobre os veículos elétricos, a descarbonização da economia e as tendências que movimentam o setor automotivo.
A eletrificação dos veículos é o que há de novo, é o assunto do momento. Diversos fatores definem essa temática, dentre eles a necessidade da redução de emissões de carbono, para que assim haja uma descarbonização da economia, conforme matéria já publicadas pelo MT Econômico.
Atualmente, há uma disputa entre as montadoras nacionais contra os veículos vindos da China, que desde 2016 receberam incentivos fiscais e estão aumentando a presença nacional no Brasil. As marcas chinesas podem ter a taxação retomada, conforme essa outra matéria publicada.
“A eletrificação da frota é a bola da vez, todo mundo se movimentando nesse sentido. Muitas marcas vindo com praticamente 100% da produção em cima de carros elétricos ou híbridos e esse é um movimento que ninguém pode ficar de fora”, explica Boscolo.
Em 2015, em Nova York, quando foi determinado metas de descarbonização, um dos temas que foi falado era que após 2030, 100% das frotas de veículos seriam eletrificadas. Oito anos após essa reunião, foi divulgado dados da Agência Internacional de Energia, que mostra que no ano passado, cerca de 14% dos carros 0 km vendidos no mundo eram elétricos.
A China liderou esse ranking com 60% das vendas, a Europa e os Estados Unidos vieram logo atrás. Ao todo, foram vendidos 10 milhões e 200 mil carros elétricos em 2022. A pesquisa não abrange motos, nem scooters que também se tornaram meios de transportes alternativos.
Já no Brasil, de acordo com dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), no primeiro semestre de 2023, a frota de veículos eletrificados chegou a 158.678 unidades. Um crescimento de 58% com relação ao mesmo período de 2022.
Esses números se dão, especialmente, devido a necessidade de descarbonização do planeta.
Descarbonização do planeta
A economia descarbonizada é um dos principais assuntos de destaque no momento, isso devido a diversos fatores que o MT Econômico já destrinchou em matérias especiais sobre o tema. Dito isso, os veículos elétricos voltam a ser tendência devido a necessidade de redução de emissão de carbono.
Entretanto, Paulo Boscolo acredita que há outras formas alternativas para a redução dessas emissões, formas essas que o Brasil é pioneiro, como os biocombustíveis, mais especificamente, o etanol.
O etanol é um combustível mais limpo, que além de não emitir carbono, também extrai o gás durante o seu processo de produção, devido a sua matriz vegetal. Em contrapartida, o biocombustível depende de fatores climáticos para a sua boa produção. Mesmo assim, ainda é uma alternativa mais limpa e barata do que a gasolina e diesel.
Sem contar no bolso dos próprios consumidores, os veículos flex hoje saem muito mais em conta, do que um veículo elétrico.
Incentivo Federal ao setor automotivo
Recentemente, houve um estímulo dado pelo governo federal para reduzir o preço dos carros até R$ 120 mil. Lançado em 5 de junho de 2023, a Medida Provisória (MP) 1.175 garantia o uso dos créditos tributários do setor por até quatro meses para oferecer ao mercado redução na carga tributária e consequentemente no preço dos veículos.
Em junho, primeiro mês da MP em que foram disponibilizados R$ 500 milhões, os carros com descontos representaram 52,3% dos veículos totais vendidos no país. Já em julho, mês que se estendeu o subsídio, esse número foi para 56,5%.
Boscolo explica que, “quando houve a mudança do grupo político, a economia como um todo, deu uma ‘puxada no freio de mão’ em função de uma série de questões”, de acordo com ele, “no Brasil como um todo, teve um componente muito forte que foi a quebra naquela alta confiança do mercado e com isso, a gente começou a assistir um ano de 2023 com uma certa retração, diferente do que tinha sido planejado”, explica.
“O governo entrou com uma medida de até 120 mil reais e a outra medida voltada para veículos de carga, que foi um alívio para os pátios das montadoras e das concessionárias”, reforça.
“Não é que os carros passaram a ser mais baratos e com a melhor capacidade de aquisição, por parte do consumidor. Tanto que depois daquele volume que foi disponibilizado em dinheiro, os carros voltaram aos preços normais e nós tivemos uma ressaca”, esclarece.
“Junho foi o anúncio da medida, julho uma explosão de vendas, agosto e setembro uma queda acentuada, uma ressaca […] Agora que já estamos no último trimestre do ano, a produção já está mais adequada a realidade de mercado”, conclui Boscolo.
O empresário e diretor da Fenabrave também destrinchou outros temas, como as inovações que estão ocorrendo no mercado automotivo, as novas marcas que estão vindo para o Brasil e as antigas que estão mudando o seu modus operandi.
E para saber sobre os demais assuntos que foram abordados na reportagem, basta clicar abaixo para conferir a entrevista completa em áudio: