Um relatório da Oxfam, baseado no do Credit Suisse aponta que a riqueza média por adulto no nosso país era de US$ 8 mil no ano 2000. De 2000 para 2011, o patrimônio médio do brasileiro subiu de US$ 8 mil para para US$ 27 mil – ou seja, de R$ 25 mil para R$ 90 mil em valores de hoje.
Mas de lá para cá as coisas mudaram de figura: os R$ 90 mil por adulto caíram para R$ 60 mil. Um terço da riqueza média dos brasileiros, segundo o relatório do Credit Suisse, foi para o espaço nos últimos 6 anos.
No Chile, outro país que depende da exportação de commodities, e que, portanto, também sofreu com a recessão global do início desta década, o patrimônio médio por adulto é de R$ 150 mil. 10% a mais do que em 2011, o ano zero da nossa derrocada.
O relatório traz uma luz para as desigualdades daqui também. Por exemplo. Enquanto o patrimônio médio está em R$ 60 mil, o patrimônio do brasileiro médio é bem menor: R$ 12 mil.
A diferença é a seguinte: patrimônio médio é aquela coisa. Pega o seu patrimônio, o do Abílio Diniz, e divide: vai dar coisa US$ 1 bilhão – o que não diz nada sobre a desigualdade patrimonial entre vocês dois.
É para isso, então, que existe o cálculo do “brasileiro médio”. Funciona assim: se o Brasil tivesse 100 habitantes, e todos estivessem em fila, do maior até o menor patrimônio, o sujeito número 50 da fila seria o “brasileiro médio”. Na fila do Brasil real, esse sujeito mediano tem um patrimônio não de R$ 60 mil, mas de R$ 12 mil.
Exato: o grosso da grana que puxa a média para cima está nas mãos dos nossos 172 mil milionários (os brasileiros com patrimônio acima de um milhão de dólares).
São poucos milionários em dólar, até. No Reino Unido, há mais de 2 milhões deles, para uma população que não dá metade da nossa. E, mesmo assim, a diferença entre o patrimônio médio do britânico e o patrimônio do britânico médio é relativamente baixa: US$ 288 mil de média, contra US$ 108 mil do mediano.
Este, porém, é um problema clássico do Brasil. A novidade mesmo foi o pós-2011: conseguimos piorar o que já era péssimo.