No começo da tarde de ontem, dia 1º, postos de combustíveis localizados em Cuiabá e Várzea Grande, deram início ao reajuste dos preços de bomba sobre o litro da gasolina e etanol, diante da reoneração de impostos federais anunciada pelo governo federal. No entanto, a redução feita pela Petrobras não foi repassada aos consumidores.
O MT Econômico em seu monitoramento de mercado, pesquisou os preços da gasolina e etanol em diversos postos na região e constatou valores acima do esperado.
Entenda a precificação
A gasolina tinha a projeção de subir até R$ 0,34 nas bombas e o etanol, R$ 0,02 com a reoneração parcial dos combustíveis que entrou em vigor ontem, no dia 1º, como anunciou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad em 28 de fevereiro. Os valores consideravam a redução de R$ 0,13 para o litro da gasolina e de R$ 0,08 para o litro do diesel, anunciados também pela Petrobras.
A nova medida provisória (MP) tem validade até o fim de junho. A partir de julho, informou Haddad, o futuro da desoneração dependerá do resultado da votação no Congresso. Caso os parlamentares não aprovem a MP, as alíquotas voltarão aos níveis do ano passado, com reoneração total.
No entanto, ocorreu que inúmeros postos de Cuiabá e Várzea Grande somaram a alta da reoneração, os R$ 0,34 e não consideraram a redução de R$ 0,13 da gasolina feita pela Petrobras, até mesmo antes do anúncio do Haddad. Diversos postos incorporaram os dois valores e precificaram o novo valor do combustível em R$ R$ 0,47, saindo do patamar médio de R$, 4,99 a para R$ 5,47, uma “esperteza” de diversos empresários do setor de combustíveis, que empurrou para o consumidor um preço acima do esperado, sem a redução da petrolífera.
Os analistas do MT Econômico já aguardavam esse aumento acima da média, sem o repasse da redução da Petrobras, conforme noticiado antes da virada de preços nas bombas. Veja mais sobre isso nesta matéria.
Monitoramento do Mercado
O aumento acima do esperado ocorreu na gasolina e também no etanol. Em pesquisa de observação do MT Econômico, em postos localizados nas principais avenidas de Cuiabá e Várzea Grande, um posto bandeirado, recém-inaugurado na Avenida da FEB, em Várzea Grande, simplesmente tirou o valor ‘promocional’ do etanol que vigorava até ontem de manhã, em R$ 3,03, elevando para R$ 3,67.
Em posto no bairro do Santa Rosa, em Cuiabá, também foi encontrado o etanol a R$ 3,67. Em relação à gasolina, ambos precificaram em R$ 5,47, ou seja, R$ 0,47/0,48 a mais que a média de mercado anterior R$ 4,99, conforme explicação acima.
O refrigerista Ênio Ferreira, contou ao MT Econômico que ele vinha de uma comemoração e já sabendo da validação das altas sobre os dois combustíveis, parou no começo da madrugada e completou o tanque com etanol. “Abasteci 44 litros e paguei pouco mais de R$ 133. À tarde, passando em frente do mesmo posto, me surpreendi com o novo valor. Os mesmos 44 litros passaram a valer agora mais de R$ 161. Se isso não é um assalto ao trabalhador, eu não sei mais o que é”. Ele ainda questionou como aumentou tanto em questão de horas. “O ministro do Lula disse que seriam dois centavos. Que conta estão fazendo? Não era o PT que defendia o povo e ganhou a eleição apontando a inflação e a perda do poder de compra do trabalhador?”.
Em outros postos de Cuiabá, o aumento seguiu no patamar até acima dos R$ 0,47 centavos, valor englobado com a reoneração, sem considerar a redução dos R$ 0,13 da Petrobras.
Na avenida Carmindo de Campos, no final da tarde os valores encontrados pelo MT Econômico foram de R$ 3,69 ao etanol e R$ 5,49 na gasolina.
Entre as projeções e a realidade muitos centavos frustraram o consumidor. A maioria dos postos de fato reajustaram acima da média, mais uma vez empurrando para o consumidor.
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No etanol hidratado, cuja alta prevista era de apenas R$ 0,02, na prática extrapola a incidência dos impostos. No caso do posto da Avenida da FEB, por exemplo, ao passar de R$ 3,03 para R$ 3,67, a majoração foi de R$ 0,64, ou 32 vezes acima do esperado. Em percentuais a alta é de 21%.
Alguns postos que até o começo da noite de ontem ainda comercializavam suas matrizes com ‘preços antigos’, segundo os frentistas, estão prontos para reajustar a qualquer momento. Considerando os estabelecimentos que ainda não repassaram os novos valores, o litro do etanol ainda podia ser comprado entre R$ 3,19 a R$ 3,39. Já a gasolina, abaixo de R$ 5. Ambos no varejo de Cuiabá e Várzea Grande. No entanto a partir de hoje, os consumidores já devem encontrar uma reprecificação geral.
EXPLICAÇÕES – Em vídeo distribuído à imprensa na tarde de ontem, o diretor-executivo do Sindipetróleo, Nelson Soares, colocou a culpa desta vez no governo federal, por primeiro anunciar as mudanças antes de publicar a MP, e também sobre as distribuidoras que já estariam repassando as altas. “Ao anunciar, primeiro a reoneração para depois de publicar a Medida Provisória, o governo federal abriu margem para que os agentes de mercado cometessem erros de interpretação que levaram à formulação de preços que não correspondem com a realidade da MP. Isto está sendo corrigido ao longo do dia. Acreditamos que a partir de amanhã [hoje] tudo esteja regularizado e então poderemos avaliar o real impacto do repasse das distribuidoras para os postos”, afirmou o dirigente do sindicato que representa os donos de postos de combustíveis de todo Estado.
No vídeo, Soares não explica como a majoração de R$ 0,47 sobre a gasolina, por exemplo, chegou nesse patamar se a incidência dos tributos iria acrescentar R$ 0,34 e houve redução de R$ 0,13 por parte da Estatal. Ele cita, confirmando a alta de R$ 0,47 na bomba, mas não se aprofundou nesses esclarecimentos.
O refrigerista Ênio, entrevistado pelo MT Econômico, assistiu ao vídeo e questionou ainda mais: “Se cobraram a mais e vão recalcular, isso quer dizer que os postos vão devolver o que foi pago a mais então pra quem abasteceu? Esse vídeo fala que houve erro [de interpretação sobre a MP] e esse erro é deles e não nosso. Cabe ação no Procon? O Procon vai fiscalizar essas altas? O que sei é que estamos sendo enganados mais uma vez, mesmo com a troca radical de poder lá em Brasília”.